Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

Cerca de 250 militantes da Juventude Socialista de todo o país vieram, este sábado, a Paredes para ouvirem a apresentação pública das propostas do Manifesto Eleitoral da JS para as Legislativas 2019, que decorreu no Pavilhão Municipal.

Questões que estão na ordem do dia dos mais jovens, como a habitação, a educação, as alterações climáticas, a revolução digital e o acesso à profissão foram os principais temas debatidos, mas o tempo foi a palavra de ordem. “Somos uma geração que não quer esperar mais. O que queremos é mesmo um presente e um futuro melhor”, defendeu Maria Begonha, secretária-geral da Juventude Socialista, acreditando que as propostas que apresentam são “de futuro”, “vão de encontro às aspirações, às maiores dificuldades reais e concretas dos jovens em Portugal” e têm, por isso, “um sentido de urgência”.

“É essencial que possamos contar com o contributo também da Juventude Socialista para a elaboração do programa. Temos feito várias convenções temáticas sobre os quatro grandes desafios que temos pela frente: alterações climáticas, demográfico, desigualdades, transição para a sociedade digital. Mas esta é uma reunião especial”, disse António Costa, secretário-geral do Partido Socialista e primeiro-ministro, aos jornalistas à chegada ao pavilhão.

Luís Garcia, presidente da concelhia da JS Paredes, destacou o trabalho da sua juventude partidária, que tem tentado “aproximar o jovem da política e da cidadania”. Em relação ao concelho, refere que se nota “uma enorme diferença”, relativamente aos últimos anos, quanto a medidas para a juventude.

“Sintam muito orgulho de pertencer a uma juventude partidária e de exercer cargos políticos. Têm de ser vocês a defender esta actividade política”, sublinhou Alexandre Almeida, presidente da Câmara Municipal de Paredes e militante do PS.

O concelho, segundo defendeu, “não era nada voltado para os jovens” quando iniciou o seu mandato, mas refere que isso já mudou. Garantiu que até ao final do ano, a Casa da Juventude de Paredes ficará pronta e que começará a ser remodelado o Pavilhão Municipal. Apontou ainda que, entretanto, irão começar as obras em várias EB 2,3 “que estavam muito degradadas” e que será lançado o concurso para as piscinas ao ar livre – que deverão estar prontas para o ano.

Foram 12 as propostas apresentadas sobre temáticas do dia-a-dia dos jovens

As propostas foram apresentadas por vários elementos da JS, sob o olhar atento das centenas de jovens e outras pessoas que assistiam da bancada do pavilhão.

Entre elas está a habitação com dignidade, que “é uma das áreas onde é preciso mais intervenção” e em que o programa Porta65, que “tem de ser olhado com uma nova ambição”, pode funcionar como uma das respostas, de acordo com Maria Begonha.

Na área da educação, os jovens socialistas propõe um tecto máximo nas propinas dos mestrados e um acesso sem desigualdades ao Ensino Superior, nomeadamente, para quem faz cursos profissionais.

Defendem também que o programa de mobilidade Erasmus se estenda aos alunos de 12º ano, podendo ser feito para outro país ou até mesmo dentro de Portugal, e que seja possível realizar o ano sabático no final do ensino secundário. Um dos desafios específicos que António Costa salientou e que acredita que o programa do PS tem de poder responder foi a “capacidade de garantir a plena realização pessoal e profissional” dos jovens, mas garante que não querem “prender ninguém cá”. “Temos que criar mais condições para que todos possam fazer Erasmus independentemente da situação financeira”, acrescentou, referindo, contudo, que “há diferença em querer partir e em ser obrigado”.

Ainda sobre esta temática, a JS propõe a criação de manuais escolares digitais, medida que agradou o secretário-geral do PS, que referiu que iria poupar os pais do trabalho de apagarem os livros.

No entanto, neste ponto que diz respeito também à revolução digital, os jovens socialistas valorizam o tele-trabalho e as inovações tecnológicas que se aplicam nas diversas profissões, propondo, por exemplo, um programa de literacia mediática para ensinar a distinguir em que fontes confiar na internet.

Referem, no entanto, que é preciso controlar melhor o tempo de trabalho nesta era do online. “Esta ideia de passar da escola a tempo inteiro para uma vida de trabalho a tempo inteiro é mesmo um modelo de vida que temos de rejeitar”, destacou Maria Begonha, apontando os apoios à natalidade, à família e as licenças de parentalidade que defendem como forma de “apoiar o tempo próprio”.

Outras propostas da JS passam por impostos mais justos e pela justiça salarial. António Costa defendeu que as empresas “têm que perceber que com a actual política salarial não vão conseguir fixar nem atrair o talento necessário”. “Não basta serem competitivas no preço a exportar, têm que começar a ser competitivas no salário que pagam”, continuou.

O fim do pagamento para realizar um estágio remunerado no caso dos futuros advogados e o fim das provas no final desses estágios promovidos pelas ordens profissionais, a legalização do consumo de canábis para fins recreativos e o rejuvenescimento da Administração Pública foram outros pontos em que a JS se mostrou a favor.

“Vamos ser a geração da greve climática”, demarcou Maria Begonha em relação à proposta relativa ao ambiente, que refere, entre outras medidas, a neutralidade carbónica. “É preciso exigir, sobretudo, desde as pequenas empresas ao Estado, aos nossos comportamentos individuais que não há mesmo mais tempo a perder para salvar o ambiente e combater as alterações climáticas”, continuou.

O objectivo das 12 propostas apresentadas é que sejam incluídas no programa de Governo e, para isso, esta iniciativa contou com a presença: do primeiro-ministro, António Costa; da secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão; do presidente da Federação Distrital do Porto do PS e eurodeputado, Manuel Pizarro; da ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva; do secretário de Estado da Defesa do Consumidor, João Torres; do presidente da concelhia do PS Paredes, José Carlos Barbosa; do secretário-geral adjunto da JS, Tiago Estevão Martins; do Coordenador do programa de Governo do PS Legislativas 2019, João Tiago Silveira; e do representante da Greve Climática Estudantil, Noah Zino.

A Juventude Socialista vai agora começar a trabalhar com o gabinete de estudos com vista a preparar a convenção nacional.