A Ambisousa – Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos que serve os seis concelhos do Vale do Sousa (Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel), avançou com uma candidatura ao POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos para a construção de uma unidade de valorização orgânica de bio-resíduos recolhidos selectivamente. A meta é que o equipamento seja construído até 2023.

Trata-se de um investimento de cerca de 18 milhões de euros e que ficará instalado em Paredes, no Parque Empresarial de Parada/Baltar, pelos bons acessos, por ser uma zona industrial em que a unidade se enquadra e por permitir a injecção directa do biogás que será produzido na rede de gás natural.

Segundo Antonino de Sousa, presidente do conselho de administração da Ambisousa e também presidente da Câmara de Penafiel, esta unidade vai tratar 25 mil toneladas de bio-resíduos por ano, gerando 1,2 milhões de metros cúbicos de biometano (biogás) e 8.200 toneladas de composto (fertilizante). “A receita anual estimada para a Ambisousa é de cerca de um milhão de euros”, adianta, garantindo que a unidade será moderna, “ambientalmente adequada e sustentável financeiramente”.

Sistema será “será seguro, ambientalmente adequado e sustentável financeiramente para que se consigam manter as baixas tarifas”

Ao Verdadeiro Olhar, Antonino de Sousa justifica a escolha de Paredes, e da zona industrial de Parada/Baltar, por ter a melhor localização, central em relação aos seis concelhos, com bons acessos (junto à A4, sendo o objectivo negociar com a Brisa um acesso próprio à auto-estrada), por se tratar de uma unidade industrial, que se ajusta àquele local, e sobretudo pela possibilidade de injectar directamente o biometano que será produzido na rede de gás natural.

“Foram feitos estudos para identificar uma área industrial com as características para instalar o equipamento que será do mais moderno em termos de tratamento de bio-resíduos. Tinha de haver fácil acesso à rede de gás natural, coisa que acontece na zona industrial de Parada/Baltar”, explica.

As receitas geradas por este investimento, vão permitir que “a Ambisousa mantenha a tarifa mais baixa do país”.

“Procuramos evoluir para um sistema de tratamento moderno, que não tenha consequências negativas para o ambiente. Este será seguro, ambientalmente adequado e sustentável financeiramente para que se consigam manter as baixas tarifas”, acrescenta o presidente da Ambisousa.  

A candidatura, a rondar os 18 milhões de euros, foi ontem apresentada ao POSEUR e enquadra-se ainda no actual quadro comunitário, pelo que terá de estar executada até 2023, caso seja aprovada, como os municípios esperam. Segundo Antonino de Sousa foi feito um “trabalho próximo com a secretaria de Estado do Ambiente” na definição do melhor modelo. A comparticipação esperada é, de pelo menos, 50%. “Quanto à parte não financiada poderemos fazer candidatura ao Banco Europeu de Investimento já que a Ambisousa tem situação financeira estável”, adianta o autarca.

“Será um pavilhão fechado sem possibilidade de emissão de gases ou cheiros”

Esta unidade vai servir os seis concelhos, num total de 320 mil habitantes, e será especializada nos bio-resíduos, sendo “a primeira fase” de um projecto maior. “A seguir poderá evoluir para separação de resíduos/triagem, criando uma complementaridade naquela unidade industrial para um bom serviço com eficiência em termos de resíduos”, refere Antonino de Sousa, que define este como um “projecto muito positivo para Paredes, em termos de investimento, criação de emprego e economia lateral que se gera”.

Questionado sobre os possíveis impactos desta unidade no território o autarca é claro: “O impacto desta unidade em termos ambientais será mais inócuo do que o das unidades lá instaladas neste momento. Será um pavilhão fechado sem possibilidade de emissão de gases ou cheiros, de outra forma não poderia ficar localizada numa zona industrial. A população pode ficar tranquila, não há qualquer tipo de risco de impacto no ambiente”.

Recorde-se que o PSD Paredes realizou uma conferência de imprensa em que acusou a Câmara de Paredes de esconder este investimento, de não o debater com a população e em que questionou o porquê da localização no concelho e não num dos outros cinco do Vale do Sousa. “Este projecto industrial da Ambisousa é apoiado pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente, cumprindo todos os imperativos legais e em nada interfere com as indústrias instaladas na Zona Industrial de Parada-Baltar”, garantiu a autarquia, remetendo mais esclarecimentos para a Ambisousa.

O presidente da Câmara de Penafiel já tinha dito recentemente que não haveria mais aterros no Vale do Sousa.