A Casa do Gaiato deve ser reconhecida pelo “papel extraordinariamente importante” que assumiu “num tempo verdadeiramente difícil e complexo”, no apoio aos jovens de rua e aos pobres, defende Antonino de Sousa.
O presidente da Câmara Municipal de Penafiel, afirma que a instituição, cuja casa de Paço de Sousa completou já 75 anos, “deve merecer uma consideração muito grande da sociedade em geral por tudo aquilo que fez, por todos os contributos que deu à nossa comunidade e àqueles que mais precisavam de ser apoiados ao longo destes anos de existência”.
O autarca sustenta que esta “é uma marca muito importante do concelho de Penafiel”. “Não por acaso, em 2014, a Câmara de Penafiel atribuiu à Casa do Gaiato aquele que é o mais elevado galardão que o município pode atribuir, a Medalha de Ouro do concelho e da cidade, precisamente como nota de reconhecimento público por esse trabalho extraordinário que a casa do gaiato desenvolveu”, explica.
Casa do Gaiato de Paço de Sousa “enriquece” Penafiel
Antonino de Sousa conhece a Casa do Gaiato de Paço de Sousa desde a juventude. Na altura eram comuns as visitas à instituição. “A primeira visita que fiz foi acompanhado pelos meus pais e voltei depois, mais tarde, noutras ocasiões”, recorda. Com a maturidade o agora autarca diz que se foi apercebendo da importância da Casa, que “prestava um serviço verdadeiramente extraordinário do ponto de vista social e de solidariedade”. “A Obra de Rua teve um impacto muito grande aqui em Penafiel como teve em muitos outros pontos quer do país e fora”, salienta.
O presidente da Câmara lembra que é preciso não esquecer o contexto em que as Casas do Gaiato surgiram. “Estávamos no pós Segunda Guerra Mundial, numa altura em que as fragilidades sociais eram imensas e profundas do ponto de vista da pobreza e dificuldade e num tempo em que o Estado não tinha um papel ainda de apoio”, refere, acrescentando que existiam apenas algumas Misericórdias e não as instituições particulares de solidariedade social, como acontece nos nossos dias.
“Esta instituição foi de facto muito importante no apoio que deu nesse domínio de tirar os jovens da rua, da pobreza extrema e também na habitação social”, afirma, recordando que o património dos pobres foi criado pelo Padre Américo Monteiro de Aguiar, natural de Galegos.
Hoje, reconhece, a realidade é diferente. “Os tempos mudaram muito e a Casa do Gaiato tem dinâmicas diferentes e temos também um Estado que tem um papel mais activo do ponto de vista das respostas sociais que disponibiliza e uma rede de instituições muito forte e presente”, comenta o edil.
O concelho que dirige tem uma rede social que cobre praticamente todo o território. Ainda assim, diz, a Casa do Gaiato continua a cumprir uma “missão importante e positiva” e a sua existência “enriquece” Penafiel.
“É muito importante para o concelho ter a Casa do Gaiato pelo que continua, ainda hoje, a fazer nesta integração de jovens na sociedade, na formação profissional que lhes confere e na preparação que lhes dá para a vida para serem homens e cidadãos do nosso concelho e do país”, defende Antonino de Sousa.
Pai Américo é figura reconhecida na região
Por outro lado, a figura do Pai Américo, penafidelense que ergueu a Obra de Rua, continua a ser reconhecida no concelho e na região, garante o autarca. Além de dar nome a várias ruas e ter várias estatuas e bustos em sua honra, o Padre Américo dá ainda nome ao hospital de referência do Vale do Sousa.
“Eu acho que o Pai Américo é um santo e isso há-de ser, mais dia menos dia, reconhecido, por tudo aquilo que fez, pela forma como se dedicou e entregou ao social. A santidade é essa capacidade de despojo e entrega para servir aqueles que mais precisam”, afirma o presidente da Câmara de Penafiel. “Poucos seres humanos são capazes de uma entrega tão extraordinária como aquela que o Pai Américo teve ao longo da vida pelos mais desfavorecidos”, acredita.
Antonino de Sousa argumenta, por isso, que é uma figura consensual. “Se, por vezes, em relação à Casa do Gaiato e ao seu desempenho mais recentemente surgiram, por parte de algumas instituições do Estado, algumas reservas quanto à metodologia da instituição, relativamente ao papel que o Pai Américo teve na nossa sociedade e ao seu desempenho extraordinário de dedicação e serviço aos mais desfavorecidos julgo que não há nenhuma dúvida nem reserva, há um reconhecimento que é transversal a toda a sociedade”, conclui.