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De 15 em 15 dias, recuando a tempos antigos, crianças, jovens e seniores de Lousada trocam cartas num projecto-piloto que quer unir gerações ao mesmo tempo que promove a consciência ambiental. Através do “BioCarta”, os 114 participantes partilham conhecimentos, histórias, perguntas e perspectivas sobre a natureza, o ambiente e as tradições locais, adianta nota.

Para já não se conhecem pessoalmente, sendo a relação construída apenas com base no poder das palavras. Mas isso vai mudar, esta quarta-feira, dia 22 de Março, estando agendado um encontro para o Parque Urbano Dr. Mário Fonseca, com várias actividades.

O projecto estende-se até ao final do ano lectivo, e a meta é depois alargá-lo a mais participantes.

Uma relação baseada nas palavras

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O BioCarta nasceu em Dezembro do ano passado, integrado no Programa BioSénior, que faz parte da Estratégia Municipal para a Sustentabilidade e da Academia das Gerações, um dos projectos vencedores das Academias Gulbenkian do Conhecimento de 2020.

Conta já com mais de 100 participantes, sendo a aposta no “contacto inter-geracional” realizado por via da escrita de cartas ao longo do ano lectivo, entre pares correspondentes que ainda não se conhecem pessoalmente.

Estão a participar, segundo a equipa do BioSénior da Câmara de Lousada, alunos de diferentes faixas etárias da Escola Secundária de Lustosa, com idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos de idade, incluindo crianças e jovens do 5.º, 7.º e 12.º ano. Quinzenalmente, trocam cartas com ‘avós’ que integram a Universidade Sénior de Lousada (USALOU) e quatro Movimentos Sénior do município, nomeadamente Lodares, Ordem, Lustosa e Vilar do Torno e Alentém.

Tem como meta promover a sustentabilidade ambiental e a coesão social, contribuindo para o envelhecimento saudável e abrindo “um caminho de oportunidades para que as gerações envolvidas, crianças e adolescentes possam discutir questões estruturais da sociedade actual, tanto de cariz ambiental como sócio-cultural, enquanto desenvolvem, de forma sublime, mas extremamente profunda, as relações interpessoais, especialmente soft skills como a tolerância, empatia, cooperação, auto-conhecimento, comunicação, criatividade, entre muitas outras competências de valor incalculável nos dias de hoje, e no futuro”, destaca nota. A par disto, são ainda “desenvolvidas valências na área da língua portuguesa, nomeadamente a escrita, elaboração estrutural de uma carta, desenvolvimento da expressão e interacção escrita, entre outras”.

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O projecto vai decorrer até ao final deste ano lectivo e a meta é que regresse no seguinte, sendo alargado a mais participantes, quer crianças quer seniores e até mesmo professores.

“Até ao momento, os pares correspondentes não se conhecessem pessoalmente, o que permitiu construir uma opinião genuína com base somente na escrita, nas palavras, ou seja, naquilo que realmente importa, o interior de cada um”, sustenta a equipa do projecto, tendo-se criado “um certo mistério sobre os rostos dos pares”

No dia 22, acontecerá o encontro dos participantes da Biocarta no Parque Urbano de Lousada, com uma série de “dinâmicas de grupo de cariz ambiental e sócio-emocional” para reforçar laços. “Uma geração aprende com a outra, uma geração contacta com a realidade da outra, uma geração tem a possibilidade de questionar e esclarecer assuntos sobre a outra, sendo uma permuta de visões e saberes de extremo valor, não só sob o ponto de vista ambiental como sócio-cultural, e humano”, acredita a organização.

Este projecto, conta ainda com a colaboração da Universidade de Aveiro, sendo acompanhado por uma investigadora.