2019 chegou e com ele espera-se que chegue também mais valores, mais seriedade e mais competência à política em Portugal.

Em Valongo, 2019 trouxe o resgate da concessão do estacionamento à superfície no concelho. O presidente José Ribeiro, num passe de magia, faz crer que o estacionamento pago vai acabar. O Comunicado do município queixa-se da empresa concessionária e diz que a Autarquia recebe diariamente inúmeras queixas relativas à caça à multa instalada. Factos são factos e não deve ser fácil encontrar alguém no concelho que esteja satisfeito com o comportamento da empresa. Os fiscais em causa, para além da agressividade da conduta, demonstraram, várias vezes, falta de formação e pouca tolerância, claramente incompatíveis com nível de serviço pretendido pelos cidadãos.

Mas poderá o presidente José Ribeiro lavar as mãos do que aconteceu no último ano em Valongo em matéria de estacionamento? Será que José Ribeiro e o PS/Valongo se esqueceram que foram os grandes responsáveis da passagem da fiscalização para a empresa. José Ribeiro, o socialista que em campanha é sempre contra as concessões não parece ser o mesmo que preside à Câmara Municipal. É que o presidente, também José Ribeiro, adora negociar concessões e, normalmente, nestas negociações a câmara ganha, as empresas ganham e os munícipes pagam! Foi assim com os parquímetros e é também assim com a Águas de Valongo SA (no próximo artigo falarei dos novos aumentos das tarifas e água e lixo para 2019!).

Mas voltando aos parquímetros convém não esquecer que no aditamento de Novembro de 2017 (já com o PS em maioria), José Ribeiro aumentou os lugares de estacionamento da concessão e, mesmo sabendo que a empresa não estava habilitada a fiscalizar, passou a fiscalização para a concessionária. José Ribeiro foi conivente com a concessionária e aproveitou-se da negociação para aumentar também as receitas municipais subindo para 7% a comissão municipal sobre as receitas obtidas. A sintonia era tal que se consta que a câmara chegou mesmo a sugerir a aquisição de uma viatura para rebocar os carros em infração(?!).

Perante tudo isto e perante a revolta instalada junto dos munícipes, José Ribeiro percebeu o tiro que tinha dado no seu próprio pé. Assim, e num suposto golpe de magia decide resgatar a concessão. A estratégia é simples: mais uma vez culpa-se o passado, faz-se a vontade ao presente e empurra-se para outros os problemas do futuro. É que à pergunta quanto nos vai custar o resgate, José Ribeiro responde: “NAS NOSSAS CONTAS ZERO, MAS É POSSÍVEL QUE VÁ PARAR A TRIBUNAL!” Perante isto, resta-me reforçar o pedido para que 2019 nos traga políticos mais sérios e mais competentes.

Termino este artigo citando Sua Santidade, o Papa Francisco. No primeiro dia do ano, o atual chefe da igreja católica apelou à participação dos cidadãos na política ao serviço do bem comum. Sua Santidade disse: “Não devemos pensar que a política está reservada aos governantes. Todos somos responsáveis pela vida da nossa terra, pelo bem comum. E a política também é boa na medida em que cada um faz a sua parte ao serviço da paz. A paz é fruto de um grande projeto político que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos.”

Espero que estas palavras motivem mais portugueses a interessarem-se por política e a exigirem mais da política. Para todos votos um ano de 2019 cheio de saúde e paz.