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A Realidade Virtual (VR) é uma das tecnologias mais inovadoras e disruptivas da última década. Tem mesmo o potencial de transformar radicalmente algumas indústrias e setores, sobretudo os mais ligados ao entretenimento. A promessa de fazer subir exponencialmente os níveis de imersividade e de criar universos de jogo mais sensoriais e tridimensionais é completamente nova e capaz de redefinir o conceito de jogo.

No entanto, a indústria de jogos não se resume apenas aos videojogos, e nem todas as áreas adotam a VR ao mesmo ritmo. Aqui entra o iGaming, ou seja, os jogos de azar online, um mercado que também tem crescido rapidamente. Se visitar sites como o Legalcasino PT, que analisa casinos online legais, vai ver que só em Portugal existem mais de 15 operadores licenciados. Muitos oferecem mais de 1500 jogos de casino, mas a VR ainda não se faz sentir de forma significativa neste sector. O que explica estas diferenças de ritmo entre os mercados de gaming e iGaming, tidos como semelhantes na adoção de novas tecnologias? É o que se procura explicar neste texto.

VR no gaming: imersividade é o novo normal

É fácil de perceber o potencial de imersividade da VR no mundo do gaming. Através dos óculos de realidade virtual, os estúdios criativos de jogos podem contar com uma panóplia de novos efeitos visuais e sensoriais, como o design espacial, perspetiva em primeira pessoa expandida ou interação física, que aumentam os níveis de interatividade dos jogos.

Por isso, as equipas de programadores adotaram de braços abertos esta tecnologia, que transformou radicalmente a experiência de jogo de títulos como o Half-Life: Alyx, da Valve, e o Beat Saber, da Beat Games. No primeiro, o jogador resiste a uma ocupação alien em ambientes urbanos altamente pormenorizados; no segundo, a aposta é no ritmo e no movimento, desafiando o jogador a cortar blocos luminosos ao som de uma música.

Além dos jogos, os gigantes do setor, como a Sony e a Meta, estão também a investir e a preparar os novos aparelhos de jogo: os óculos de realidade virtual com um conjunto de sensores de movimento, que se conjugam com as consolas ou as substituem totalmente. Os PlayStation VR2 estão preparados para a PlayStation 5, mas os Meta Quest 3 têm vida própria e não precisam de consola ou PC para funcionar.

iGaming e VR: um encontro eternamente adiado

No iGaming, o ritmo de incorporação destas tecnologias é claramente mais lento. Após anos de promessas de uma verdadeira revolução no modo de apostar online, com a recriação dos ambientes dos casinos presenciais em casa ou em qualquer lugar, os resultados têm sido desapontantes. A esmagadora maioria dos casinos online ainda se limita a interfaces bidimensionais e aos tradicionais jogos jogados nos ecrãs dos computadores e demais dispositivos móveis.

A principal razão para tal é uma desadequada avaliação das expectativas, da vontade e da procura dos jogadores. Jogar em casinos online exige um certo ritmo, conveniência e acessibilidade que não se coadunam com uma demora na preparação do jogo. Por exemplo, muitos fãs de casino jogam a partir do telemóvel, enquanto que os dispositivos de VR são sobretudo pensados para computadores e consolas. Além disso, o equipamento continua a ser caro e nem todos estão dispostos a investir mais num passatempo que já envolve jogar com dinheiro.

Outro fator igualmente importante é a questão legal e regulatória. Ao passo que no gaming tradicional não existem grandes obstáculos jurídicos, no iGaming, devido ao caráter sensível da atividade, os reguladores são bastante mais conservadores, levantando questões e dúvidas legítimas sobre o potencial aumento do vício e do convite a um certo descontrolo que um ambiente virtual mais imersivo pode provocar. Por isso, em vários países, a introdução destas tecnologias depende da aprovação dos reguladores, como o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos em Portugal, e da revisão dos seus processos de licenciamento.

Por fim, e consequência das duas razões anteriores, os próprios estúdios criativos não têm demonstrado o interesse que se antevia nesta tecnologia. À falta de motivação dos jogadores e às dificuldades regulatórias aqui relatadas juntam-se ainda os elevados níveis de investimento que a VR exige.

Gaming, hoje. iGaming, talvez um dia

Eis, portanto, as razões da diferença de ritmos na adoção desta nova tecnologia em dois mercados com tantos pontos em comum. Para o futuro, prevê-se a continuação e o aprofundamento da incorporação da VR no gaming, ao passo que o iGaming ainda tem várias barreiras técnicas, legais e da própria natureza do mercado para ultrapassar antes de se tornar um mercado de excelência da VR.

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