
O Prémio Dr. Mário Fonseca foi criado em 2024 pelo Município de Lousada com um propósito tão simples quanto nobre: promover a investigação científica na área das Ciências da Saúde e homenagear aquele que, para várias gerações, ficou conhecido como o “médico do povo”. Mário Fonseca dedicou a sua vida à medicina, ao serviço público e, muito em particular, ao cuidado dos mais desfavorecidos. Dar o seu nome a um prémio desta natureza é mais do que um gesto simbólico, é uma afirmação de princípios.
O prémio nasceu com um valor de 20 mil euros. Este ano, evoluiu para 30 mil. Numa altura em que muitos municípios multiplicam medidas vistosas, pensadas para agradar ao eleitorado, Lousada escolheu um caminho menos ruidoso, menos imediato… mas incomparavelmente mais relevante.
Hoje, é a única autarquia do país a criar e financiar um prémio científico dedicado exclusivamente à investigação em saúde. E isso diz muito.
É provável, aliás, que esta iniciativa passe ao lado de grande parte dos cidadãos do concelho. Não é uma obra iluminada à noite, não inaugura rotundas, não rende fotografias populares. Mas o seu impacto, esse sim, é profundo. Em Portugal, a investigação na área da saúde enfrenta desafios sérios, muitas vezes agravados pela falta de investimento, de incentivos e de condições que levam muitos profissionais a procurar oportunidades noutros países. Perante este cenário, Lousada faz o contrário: investe no conhecimento, apoia quem procura respostas, fomenta ciência onde ela mais falta faz.
Investir em investigação na saúde é promover saúde e não apenas tratar doença. É apostar na prevenção, na inovação e no futuro, sabendo que é sempre mais inteligente (e mais barato) prevenir do que remediar. É uma política pública que não procura aplausos fáceis, mas resultados duradouros.
A credibilidade do Prémio Dr. Mário Fonseca é outro dos seus trunfos. Reúne nomes incontornáveis da ciência portuguesa, como o Professor Doutor Sobrinho Simões, referência internacional na investigação médica. E a qualidade do júri reflete-se no interesse que desperta: dezenas de candidaturas chegam anualmente de todo o país, sinal de que o meio científico reconhece, valoriza e respeita esta iniciativa.
Este ano, a vencedora da segunda edição é a investigadora Andreia Mósca, distinguida por um estudo dedicado à malária e ao tratamento dos seus efeitos. Uma doença que continua a ser uma das maiores tragédias sanitárias do planeta: 263 milhões de casos por ano e 76% das mortes registadas em crianças com menos de cinco anos. A relevância da investigação fala por si e mostra como um prémio local pode ter impacto global. O Prémio Dr. Mário Fonseca é, no fundo, um exemplo raro e inspirador. Uma política pública que honra a memória, serve o presente e prepara o futuro. Um gesto que dignifica Lousada e que bem poderia ser replicado noutros municípios. Porque apoiar ciência não é despesa. É investimento. E dos mais valiosos.










































