No dia 17 de Dezembro foram alojados pela Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, ao abrigo do programa europeu de acolhimento de refugiados, um casal vindo da Eritreia. O casal não fala português, ele fala um bocadinho de inglês e ela só fala um dialecto local.
O programa prevê o acolhimento durante 18 meses, tempo esse que deve ser usado para tentar a integração dos refugiados na sociedade local. Para que a Santa Casa da Misericórdia pudesse acolher e participar na integração destas pessoas, foi celebrado um contrato com o Estado em que este se compromete ao pagamento das despesas com o acolhimento, assim como à disponibilização de vários serviços essenciais a todo este processo de integração.
Ora, durante a conferência, ficamos a saber que o Estado, depois de encaminhar os refugiados para Penafiel, nunca mais quis saber do assunto. Não só não paga o que deve à Misericórdia de Penafiel, como também não fornece os serviços com que se havia comprometido.
Isto tem duas consequências. A primeira é do foro económico e que obriga a Misericórdia de Penafiel a fazer um esforço financeiro extra. A segunda consequência é bem mais grave e está relacionada com a integração social destas pessoas. Desde que chegaram a Penafiel já decorreram três meses e meio e, até hoje, o Estado ainda não disponibilizou um professor para ensinar português. O casal de refugiados pode ter a maior das boas vontades para se integrar, mas sem saber a língua portuguesa não há integração social possível.
É certo que Portugal tem o dever ético e moral de receber pessoas que fogem da guerra. Mas não o pode fazer sem antes criar as condições necessárias para que esse acolhimento seja efectivo. A histeria dos que advogam furiosamente o acolhimento de refugiados resultou num acolhimento inconsciente e cheio de riscos.