Verdadeiro Olhar

Reforço de testes e de inquéritos epidemiológicos para travar pandemia em Lousada, Paços de Ferreira e Felgueiras

O primeiro-ministro, António Costa, reuniu, hoje, com os autarcas de Lousada, Paços de Ferreira e Felgueiras – Pedro Machado, Humberto Brito e Nuno Fonseca, respectivamente, para avaliar a situação nesta região que está “no epicentro” da pandemia e que nas últimas semanas registaram um aumento exponencial de casos, reconheceu.

As medidas em concreto serão ainda definidas, mas o governante deixou já a garantia de que irá ser reforçada a capacidade de testagem assim como alocados mais meios para realizar os necessários inquéritos epidemiológicos.

Questionado, adianta que “não está em causa nem nenhuma cerca sanitária nem nenhum confinamento obrigatório, mas medidas que visam conter a expansão da pandemia”.

Os últimos números apontam para que o concelho de Paços de Ferreira já tenha mais de 2000 casos e Lousada cerca de 1200, desde o início da pandemia. No caso do concelho pacense, só no último mês foram registados 1400 casos, adianta o presidente da Câmara.

Contágios vêm do convívio social e não do contexto laboral ou escolar

Ao fim de uma reunião de cerca de duas horas, António Costa começou por apelar ao reforço dos cuidados de protecção de todos. “A única forma de controlar eficazmente esta pandemia é através do comportamento individual”, sustentou.

Da conversa com os autarcas e das suas sugestões, o primeiro-ministro adiantou desde logo duas medidas a adoptar: “o aumento da capacidade de testagem para, o mais rapidamente possível, serem identificados os casos e cortadas as cadeias de transmissão” e o “aumentar dos inquéritos epidemiológicos, com a colaboração dos municípios, para recuperar o atraso que existe e alargar o universo de pessoas que têm de estar isoladas”.

As restantes, que visam conter a pandemia nesta região, serão anunciadas nos próximos dias, pela Ministra da Saúde e Ministro da Administração Interna.

A pandemia “tem aqui epicentro nestes três municípios e está a alastrar aos municípios envolventes e temos que agir o mais rapidamente possível para a conter”, salientou o governante.

Deixou, no entanto, a garantia de que “não está em causa nem nenhuma cerca sanitária nem nenhum confinamento obrigatório”.

Os contágios nestes três concelhos, afirmou o primeiro-ministro, têm sobretudo origem no convívio social, devido a “festas e encontros”, e não nos contextos laboral e escolar.

Confrontado com possíveis problemas no Hospital Padre Américo, em Penafiel, que estaria perto da ruptura face à pressão deste aumento de casos na região, António Costa defendeu que é preciso olhar a nível global. “Não podemos olhar para cada unidade hospitalar como unidade isolada, mas como uma peça de uma rede que existe em cada região. Mesmo tendo em conta a previsão feita de aumentos da pandemia na região ao longo das próximas semanas haverá resposta do Serviço Nacional de Saúde para responder às necessidades quer de internamento geral quer de internamento em cuidados intensivos”, atestou.

Adiantou ainda que está em cima da mesa a criação de um espaço de rectaguarda nesta região, à semelhança do já criado em Ermesinde, para “corresponder às situações que não requerem internamento hospitalar, mas que requerem cuidados” e não consigam manter o isolamento em casa. Isso permitirá “aliviar as unidades hospitalares”.

“Percentualmente somos o concelho que mais vai crescendo o número de infectados no país”

O último relatório da Direcção-Geral da Saúde apontava cerca de 1300 casos totais em Paços de Ferreira, com um crescimento de 565 infectados numa semana, mas os dados mais recentes dão conta de mais de 2000 casos. Humberto Brito confirma que no último mês houve um crescimento de 1400 infectados, não pormenorizando quantos se encontram activos.

“Paços de Ferreira tem atingido números invulgares que nos deixam preocupados. Percentualmente somos o concelho que mais vai crescendo o número de infectados no país”, referiu o edil. “O gabinete de saúde pública local tem os meios que tem. Em termos de números absolutos, Lisboa tem quase os mesmos números de Paços de Ferreira e vejam os meios que eles têm para responder. Claramente que precisamos de mais meios humanos para combater esta questão”, respondeu Humberto Brito aos jornalistas.

Para controlar a pandemia e “baixar a curva”, é preciso “garantir que as pessoas possam ser testadas e que aqueles que tiveram contactos de risco sejam acompanhados e que se for preciso fazer o teste o façam rapidamente”, concluiu o presidente da Câmara de Paços de Ferreira.