Verdadeiro Olhar

Política para totós: Há petróleo nas Laranjeiras (cap.II) Um conto de vigários!

Era uma vez, por volta do final do séc. XX, em 1999, um clube de futebol que se viu assediado por dois poderes ainda hoje perigosos: de um lado o poder político, sem regras nem princípios, capaz de passar por cima de tudo e de todos para chegar ao que queria. Neste caso, ao dinheiro fácil. Do outro lado, a fome insaciável dos especuladores imobiliários. Ambos, em perfeita promiscuidade, juntam-se e em reunião previamente preparada, apresentam-se em nobre salão para dizerem ao que vinham.

Vinham salvar o clube, diziam ambos. Depois de acesa discussão e com os documentos já preparados, como naqueles jogos em que o resultado é combinado antes das partes se confrontarem, acabam por levar a sua avante (salvo seja o PCP, que nada tem a ver com isto). Do resultado final sobra o murro da mesa do edil que afirma:

– Isto não é para quem fala bem. É para quem tem dinheiro! (ou para quem o quer roubar, pensavam outros, no fundo do salão).

Dos opositores a tamanha infâmia, sobraram três abstenções e um voto contra. As primeiras, gestos de moleza e submissão, de quem “falava bem”, segundo o edil, e o voto contra de um sujeito, esse, no fundo da sala, que desconfiou da marosca. Do lado dos vencedores, realça-se porque não deve esconder-se, um ilustre causídico, conhecido por ser quem é. Os outros eram bem-intencionados sócios do clube que estavam longe de imaginar o que ali se congeminava.

“Um negócio à Vale e Azevedo”, disse, entretanto, o associado que votara contra e que, como protesto, abandonou a sala.

Estávamos, como já dissemos, em 1999, e os “salvadores do clube” propunham-se a construir um edifício de 4 andares, os 3 primeiros com 4 apartamentos T2, e o quarto piso com 2 apartamento do tipo T4. Qualquer coisa como 14 apartamentos que serviriam de fonte de rendimento permanente para o clube.

Saltemos no tempo. Passados 2 anos a sociedade de construção criada, chamemos-lhe Trigais ou Pardais, tanto faz, já perdera 3 dos 4 sócios iniciais. Sobrara um que, por coincidência ou não, era simultaneamente dono da empresa e presidente do clube.

Atente o leitor ao que a seguir se inventa. Em 2001, com o edifício construído, em vez de, como inicialmente previsto, estar a render permanentemente para o clube, já não existiam apartamentos para alugar nem para vender.

Imagine agora o leitor que os 16 apartamentos foram, entretanto, todos vendidos.

Imagine mais. Imagine que cada comprador passava 3 cheques. Aparentemente, um serviria para pagar o apartamento e os outros dois para pagar o que “faltava”. Uma coisa do género: um cheque de 20 mil contos mais dois de 2 mil contos cada um.

Agora pare de imaginar. Os apartamentos não deviam ser vendidos, certo? Deviam ser alugados como fonte de receita permanente para o clube, certo? Fique-se pela primeira hipótese.

Chegados aqui, no mínimo, a receita da venda dos apartamentos devia reverter para o clube, certo? Assim aconteceu.

Imagine agora que, no dia em que a receita entrava no clube, imediatamente saía para uma conta particular. Talvez a do presidente do clube. Justificação: eventualmente, o presidente era credor do clube. Seria?

Puxe ainda mais pela sua imaginação: se a receita entrava no clube e saía imediatamente, sem quaisquer despesas, sobre quem recaíam as mais-valias sujeitas aos impostos?

Resumindo: os lucros tinham ficado ou na empresa construtora ou transferidos, através das contas do clube, para uma conta particular, nesta hipótese a conta do presidente.

Com que lucros ficava o clube? Zero!

Com que encargos ficava o clube? Com todos os impostos resultantes da receita da venda de todos os apartamentos.

Percebe agora como, com esta história, se podia explicar a enorme dívida fiscal imputável ao clube e tantas vezes falsamente usada pelos ávidos oportunistas e posteriores dirigentes para atropelar os verdadeiros associados?

Percebem agora os associados do hipotético clube que, ao contrário do que lhes andaram a contar todos estes anos, os novos “heróis” só usaram a capa para dar cobertura aos “bandidos”?

Só esta história explicaria a dívida à AT ( Autoridade Tributária) e foi, compulsivamente, diga-se, resolvida pela confrontação imposta pelo novo presidente ao anterior, em reunião com o respectivo chefe de finanças.

E as dívidas à Segurança Social? Tínhamos de inventar outra história, tão macabra ou pior do que a que acabamos de construir. Mas sobra-nos o conhecimento e a imaginação para o tentarmos.

P.S: Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência. Esta história é, bem ou mal, inventada. Já agora, se alguém a tomar como verdadeira pode pedir todas as explicações ao autor, mas só através dos tribunais. E que fique claro: o autor desta história não quer levar nenhuma outra para a cova!

 

MEL- Lousada recebe prémio “European Sustainable Cities”

Os europeus estão-se nas tintas, e bem, para as cidades que o são só de nome ou para os concelhos que exibem muitas cidades para parecerem o que não são. Vai daí, e em vez escolherem uma cidade, atribuíram o prémio de “Cidades Europeias Sustentáveis, à vila e ao concelho de Lousada. Nada que nos surpreenda. Diz-nos quem te governa, dir-te-ei onde podes viver bem.

FEL- Não há coincidências!

No mesmo dia em que a autarquia de Paredes publicitava os subsídios de cerca de 100 mil euros às associações e clubes desportivos, as redes sociais davam conta da aquisição de uma nova viatura presidencial.

A ser verdade – é difícil acreditar – o carro, para transportar tão inenarráveis como tão presidenciáveis nádegas custa quase tanto como todo o esforço dos milhares de dirigentes e atletas de todo o concelho.

Enganam-se os que pensam que estará na viatura o exemplo de mudança e o sinónimo de desenvolvimento do concelho. A ostentação só serve para esconder a ignorância e a incompetência.