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Um comboio especial partiu esta segunda-feira da estação de São Bento, no Porto, rumo a Penafiel, recriando simbolicamente a viagem inaugural da Linha do Douro, que há precisamente 150 anos ligou o Norte do Douro à cidade. A data foi celebrada num evento promovido pela CP – Comboios de Portugal, Infraestruturas de Portugal e pelas câmaras municipais de Penafiel, Paredes e Valongo.

A bordo seguiam personagens de outros tempos: padeiras a vender regueifa e a oferecer biscoitos, um pequeno ardina a anunciar a chegada do comboio e até leituras de textos literários evocativos da região. O ambiente estendeu-se às estações de Ermesinde e Valongo, onde passageiros e populações locais se deixaram surpreender pelas encenações históricas que animaram as plataformas e carruagens.

À chegada a Penafiel, a receção foi em clima de festa. Música, público e autarcas aguardavam o comboio na estação, onde foi inaugurada uma escultura evocativa da importância que a ferrovia teve – e continua a ter – no desenvolvimento económico e social do concelho.

A animação esteve a cargo de grupos de teatro da região: o CêTeatro (Paredes), o Grupo de Teatro de Canelas – Bando dos Pardais, o Grupo de Teatro de Novelas (Penafiel) e a Associação Académica e Cultural de Ermesinde (Valongo). Presentes estiveram representantes das três autarquias envolvidas na comemoração.

Uma linha que mudou o Norte

A história da Linha do Douro confunde-se com a própria história do desenvolvimento da região Norte. Foi a 29 de julho de 1875 que chegou o primeiro comboio a Penafiel, num tempo em que viajar era um luxo reservado a poucos e a mobilidade dependia de más estradas ou da instabilidade do rio Douro. A linha foi durante décadas um instrumento fundamental para escoar mercadorias, ligar populações e fomentar o comércio.

O processo até à construção não foi simples. Foram necessários vários estudos, projetos rejeitados e debates políticos até que, a 2 de julho de 1867, foi publicada a lei que autorizava a obra. O traçado até Penafiel foi definido em 1872 e três anos depois o comboio fazia a primeira viagem.

Em 1880, a Linha do Douro já chegava ao Pinhão. Hoje, estende-se por mais de 170 quilómetros entre o Porto e o Pocinho e é considerada uma das mais belas do país, cruzando vinhedos, vales e túneis escavados à força de braços.

Na década de 1990, a linha foi modernizada no distrito do Porto com a duplicação e eletrificação da via. Mais recentemente, em 2019, foi concluída a eletrificação entre Caíde de Rei e Marco de Canaveses, permitindo ligações diretas de urbanos. A próxima etapa será a eletrificação até à Régua, o que deverá melhorar ainda mais o serviço e reduzir os tempos de viagem.

Só em 2024, a Linha do Douro transportou mais de sete milhões de passageiros. Nos primeiros seis meses de 2025, já viajaram neste trajeto cerca de 3,7 milhões de pessoas, entre serviços urbanos e regionais – uma prova viva de que a linha continua a ser essencial para a mobilidade da região.

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