A Cooperativa Agrícola de Penafiel em articulação com a Autoridade das Condições do Trabalho e a GNR realizaram, esta tarde, no Campo da Feira, um simulacro com um tractor agrícola com o objectivo de sensibilizar os agricultores da região para o elevado número de acidentes envolvendo alfaias e máquinas agrícolas.
O presidente da Cooperativa Agrícola do Vale do Sousa, Eng. Vitorino Ferreira, afirmou que a Cooperativa Agrícola de Penafiel que a instituição tem vindo a desenvolver um conjunto de acções com o objectivo de sensibilizar os tractoristas e agricultores para o flagelo dos acidentes envolvendo tractores e máquinas agrícolas.
“Além do tradicional desfile que vai decorrer, este domingo, realizamos na sexta-feira, no Parque de Feiras e Exposições, um seminário que contou com técnicos da Autoridade das Condições do Trabalho, elementos da GNR e outros participantes, alertando, precisamente, para esta questão que nos deve fazer reflectir a todos porque efectivamente o número de acidentes com máquinas agrícolas é muito elevado”, disse, salientando que conduzir tractores pode-se tornar perigoso desde que as normas de segurança não sejam cumpridas.
Falando do simulacro que decorreu na tarde deste domingo, o Eng. Vitorino Ferreira realçou que o exercício teve, também, como objectivo chamar a atenção para a necessidade dos tractoristas usarem o designado arco de S. António, dispositivo que vem integrado no tractor e que em caso de acidente protege o seu condutor.
Referindo-se às causas que estão na origem destes acidentes, Vitorino Ferreira defendeu que não existe legislação devidamente clara quanto ao uso do arco de S. António, apontando, também, como causa para o elevado número de acidentes com máquinas agrícolas, o facto de estas, na sua maioria, serem já muito antigas.
“Já assisti a vários simulacros e efectivamente o arco de S. António protege. É semelhante ao cinto de segurança num veículo ligeiro”, avançou, constatando, no entanto, que em muitas situações os agricultores optam por baixar o dispositivo de segurança, pondo em risco a sua vida.
“É evidente que usar o arco debaixo de uma ramada é mais difícil, mas o agricultor pode tirá-lo nesse período e colocá-lo mais tarde”, disse.
“Durante este ano habilitamos para conduzir tractores cerca de 250 agricultores”
Vitorino Ferreira admitiu, também, que com a seca assiste-se, muitas vezes, à cedência da taludes e o risco de derrocada é mais elevado.
O responsável pela Cooperativa Agrícola de Penafiel esclareceu, ainda, que desde o início do ano, a instituição que lidera já ministrou 150 acções de formação com carta habilitante para conduzir tractores sendo objectivo da cooperativa ministrar mais 100 acções de formação até ao final do ano.
“Durante este ano habilitamos para conduzir tractores cerca de 250 agricultores”.
“A rotina, às vezes, faz com que os tractoristas coloquem as questões de segurança em segundo plano”
A vice-presidente da Câmara de Penafiel e vereadora do Desenvolvimento Rural, Susana Oliveira, enalteceu a necessidade de implementar estas acções em articulação com os demais agentes quer da Autoridade das Condições de Trabalho, a GNR e da Cooperativa.
“Integrado na 39.ª Feira Agrícola do Vale do Sousa realizamos, esta sexta-feira, uma acção de sensibilização advertindo para esta temática porque efectivamente os números são preocupantes e nunca é demais informar os tractoristas para que levem as questões de segurança mais a sério”, concretizou, declarando que os números são preocupantes e devem ser analisados por todos os parceiros.
Susana Oliveira reconheceu, também, o facilitismo e a rotina podem, por vezes, levar o agricultor a facilitar, adoptando atitudes e comportamentos menos correctos.
“A rotina às vezes faz com que os tractoristas coloquem as questões de segurança em segundo plano. É preciso intensificar estas acções para evitar este tipo de acidentes”, declarou.
“Pela conhecimento que tenho há tractoristas que não cumprem com as regras e as normas de segurança e pagam isso, às vezes, com a própria vida”, afirmou, defendendo que só com informação é possível minimizar o crescente aumento de acidentes ocorridos com máquinas agrícolas
“Há muitos tractores que não têm o arco de S. António. Além disso, há situações em que os agricultores arriscam em demasia”, sublinhou.
“A informação é vital e é necessário alertar os tractoristas, sobretudo, os mais idosos”
Luís Silva, da freguesia de Rans, congratulou-se, igualmente, com estas actividades, advertindo para a necessidade da Cooperativa de Penafiel intensificar estas acções, dotando os seus associados de mais informação.
“Ainda recentemente um tractorista em Cinfães ficou debaixo de uma máquina agrícola. Os acidentes estão sistematicamente a acontecer. A informação é vital e é necessário alertar os tractoristas, sobretudo, os mais idosos”, afirmou.
“Há ainda algum desconhecimento relativamente ao arco de S. António, às regras e normas de segurança pelo que estas acções são fundamentais”, confessou.
“Muitos tratoristas desconhecem, por vezes, o perigo em que estão metidos porque além do arco de S. António, é obrigatório uma carta adicional para conduzir tractor. Muitos agricultores pensam que ter uma carta de pesados ou ligeiros correspondente ao peso do tractor é suficiente para os habilitar, mas não é. É obrigatório fazer o curso de formação de tractores”, expressou, acrescentando que o arco é vital e apesar de ser incómodo para os trabalhos agrícolas, tem de ser usado.
“Além disso é obrigatório o cinto nos bancos e tem de estar homologado e a indicação de marcha lenta”, confirmou, concordando que é necessário renovar a frota de tractores da região.
“Os agricultores já têm imensas dificuldades financeiros, além do mais há tractores novos que não cumprem com as condições de segurança que estão plasmadas na lei”, atalhou.
O tradicional desfile dos tractores, actividades integrada na 39.ª edição da Feira Agrícola do Vale do Sousa, contou com aproximadamente 200 tractores de toda a região do Vale do Sousa.