A poucos meses das eleições autárquicas, as redes sociais no concelho de Paredes estão a ser palco de uma proliferação de páginas de Facebook e Instagram com nomes que imitam publicações jornalísticas, como Jornal de Paredes, Jornal de Gandra ou Jornal de Rebordosa. Com publicações patrocinadas e aparentemente financiadas por terceiros, estes perfis promovem quase exclusivamente conteúdos desfavoráveis ao atual presidente da Câmara ou elogiosos à atividade do candidato da coligação PSD/CDS-PP, Mário Rocha.
A denúncia partiu do deputado socialista José Carlos Barbosa, que chamou a atenção para aquilo que considera ser “uma teia de perfis falsos e páginas patrocinadas com aspeto de jornais”, mas que, segundo afirma, “funcionam como instrumentos de propaganda política encapotada”.
O VERDADEIRO OLHAR questionou o PSD e o candidato Mário Rocha sobre a eventual ligação a estas páginas, querendo saber se fazem parte da estratégia de comunicação da candidatura, se estão a ser financiadas pelo partido e qual a sua posição relativamente à proliferação de conteúdos pagos que imitam jornais, sem qualquer identificação editorial ou transparência sobre a sua origem. Também foi perguntado se têm conhecimento da existência destes perfis, que promovem conteúdos políticos favoráveis à candidatura e desfavoráveis ao atual executivo, com recurso a publicidade patrocinada.
A resposta do PSD, contudo, ignorou completamente as questões colocadas e optou por atacar o PS e o próprio deputado, acusando-o de “estar ainda a digerir o desastre eleitoral” do partido no concelho.
“O PSD repudia e desmente o texto publicado pela pessoa referida, seguramente ainda a digerir o desastre eleitoral do PS em Paredes (…). O que sabemos é do escândalo de uma agência de comunicação ter confessado há poucas semanas à imprensa nacional ter sido contratada pelo PS para, a troco de 40 mil euros, criar ‘um exército de boots’, ou seja, perfis falsos nas redes sociais”, lê-se na resposta oficial enviada ao VERDADEIRO OLHAR.
O comunicado termina acusando o deputado socialista de “estar a ver-se ao espelho” e recordando alegados episódios semelhantes do passado, em que o PSD teria sido alvo de ataques com recurso a “jornais anónimos em papel” e páginas falsas quando liderava o município.
Para já, a origem dos conteúdos patrocinados, o seu financiamento e a sua legitimidade continuam por esclarecer — e a campanha eleitoral em Paredes promete aquecer… mesmo antes de começar.
