
Temos de nos habituar a descodificar a informação recebida. Não vale a pena ter a ilusão de que os grandes órgãos de comunicação querem servir informação isenta. As possibilidades aumentam, mas também o controlo que as grandes cadeias exercem sobre as notícias. Por exemplo, a imagem de Nossa Senhora de Fátima viajou ao Vaticano para presidir (no dia 11 de Outubro) o terço rezado pelo Papa com a multidão que enchia a praça, em uníssono com um número incontável de pessoas de todo o mundo ligadas pela rádio, televisão ou pela internet. Para os grandes meios de comunicação foi como se nada tivesse acontecido!
Por muitas razões, os católicos consideram que este é o caminho para a paz; em contrapartida, quem controla a maior comunicação social nem se digna contra-argumentar, porque se sente capaz de eliminar Deus. O que sucede quando eles expulsam Deus do espaço público? Deus reage? Esmaga-os? Então a força de Deus vale menos que o dinheiro deles.
Felizmente, enganam-se neste raciocínio sinuoso. Todos os poderosos hão-de morrer e, nessa hora, as bombas que lançaram hão-de virar-se contra eles, as prepotências hão-de virar-se contra eles, todas as mentiras finalmente destapadas os envergonharão.
Quando chegar a sua vez, os medrosos também se vão surpreender. Convencem-se de que é bonito obedecer, mas diante de Deus vão atrever-se a dizer que não têm responsabilidade?
Os horrores do nazismo e do comunismo foram possíveis porque a generalidade dos funcionários preferiu colaborar e o padrão repete-se em muitos lugares e circunstâncias. Em Portugal, mesmo depois de diluída a dose de ideologia de género da disciplina de Cidadania, a família Mesquita Guimarães, que liderou os protestos contra este abuso do Estado, continua a ser perseguida. No auge da discussão, governantes desvairados propuseram retirar-lhes os filhos e tribunais subservientes demoraram as decisões mantendo-os em suspenso (por ineficiência, ou para não desagradar ao poder?). Mas, actualmente, já reformulada a disciplina de Cidadania, funcionários medrosos continuam a aceitar abrir processos contra a família com base em críticas anónimas, a convocar crianças menores de idade para prestar declarações, a ameaçar castigos administrativos contra quem se atreveu a pensar pela própria cabeça.
Há dias, a SNCF, o principal operador de caminhos de ferros em França, proibiu as referências a um filme sobre o Sagrado Coração de Jesus porque nenhum dos responsáveis teve coragem de ir contra as directivas do poder. Pelos vistos, os caminhos de Deus não passam pelos caminhos de ferro franceses.
Neste momento, está a ser inaugurada em Teerão (capital do Irão) a nova estação de metro Hazrat Maryam Moghaddas (Santa Virgem Maria). O delírio próprio de uma ditadura muçulmana não impede o regime iraniano, bombardeado ocasionalmente pelos Estados Unidos, de pedir ajuda a Nossa Senhora! E fizeram o mesmo no parque de Santa Maria, no norte da capital, porque o imperialismo iraniano, muito pouco respeitador da liberdade de religião, reconhece Nossa Senhora como mãe do profeta Jesus. Até a poderosa ditadura iraniana percebe a vantagem de pedir uma ajudinha a Santa Maria, Mãe de Jesus!


