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Jovens de Paredes são “os melhores marceneiros” do país do Campeonato das Profissões

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Três formandos do Centro de Formação Profissional das Indústrias e Madeiras do Mobiliário – CFPIMM, em Lordelo, foram os grandes vencedores do 44.º Campeonato Nacional das Profissões – Skills Portugal na categoria de Marcenaria. Pedro Cunha conquistou a medalha de ouro e Diogo Ribeiro e Rui Nunes a medalha de prata. Um outro aluno, André Neves, não ficou no pódio, mas conseguiu uma medalha de “excelência”. Sagraram-se assim como “os melhores marceneiros” do país nesta competição que juntou 400 alunos de várias áreas profissionais em Setúbal, entre 9 e 14 de Fevereiro.

Por ter conseguido o ouro, Pedro Cunha vai representar Portugal na etapa europeia dos Campeonatos das Profissões – o EuroSkills, a realizar em Graz, na Áustria, em Setembro deste ano. Segue-se a participação na 46.ª edição do Campeonato Mundial das Profissões, em Xangai, na China, em Setembro de 2021.

Os jovens, todos de Paredes, escolheram trabalhar com as madeiras sobretudo pelos exemplos familiares. Dizem gostar e não se arrependem. Quando terminarem o curso de Técnico de Programação e Operação em Máquinas de Transformação da Madeira (CNC) têm emprego praticamente garantido.

Mais de 400 jovens participaram e 149 receberam medalhas

Pedro Cunha ganhou a medalha de ouro e Rui Nunes e Diogo Ribeiro a de prata | Foto: Worldskills Portugal

O Campeonato das Profissões é um encontro onde jovens altamente qualificados, entre os 17 e os 25 anos e que concluíram ou se encontram a frequentar um percurso de qualificação, em modalidades de educação e formação profissional, têm a oportunidade de competir entre si mostrando as suas competências em provas que simulam situações reais de trabalho, este ano num total de 44 profissões.

A meta passa por demonstrar “rigor e domínio de técnicas e de ferramentas para o exercício de cada profissão a concurso, através da realização de provas práticas de desempenho avaliadas segundo critérios exigentes e de acordo com prescrições técnicas estabelecidas internacionalmente por júris compostos de peritos altamente qualificados (formadores, profissionais, empresários)”, explica o Instituto de Emprego e Formação Profissional que é o responsável pela organização destas provas em Portugal.

“O campeonato visa promover o talento e as competências dos jovens, chamar a atenção para a importância da formação profissional e divulgar a qualidade da formação em Portugal”, descreve a mesma fonte.

Estas provas têm lugar de dois em dois anos e reúnem os classificados com as melhores pontuações nas fases de pré-selecção, que disputam entre si o título de campeão nacional em cada profissão. Os campeões vão depois representar o país nos Campeonatos Europeu e Mundial das Profissões.

Nesta 44.ª edição do Campeonato Nacional participaram perto de 400 jovens, oriundos de centros de formação, escolas e empresas das sete regiões do país. Segundo a organização, o evento envolveu ainda convidados de três países parceiros (Espanha, Rússia e Polónia) e mais de 350 jurados que procederam à identificação dos vencedores e restantes medalhados em 44 profissões, agrupadas em seis clusters.

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No total, 149 jovens receberam medalhas: 58 de ouro, 46 de prata e 45 de bronze. Para além dos vencedores em cada profissão, o Campeonato Nacional das Profissões distinguiu também os melhores concorrentes em cada uma das sete regiões.

Todos os alunos há alunos da região a participar nesta competição. Nesta edição destacaram-se os do CFPIMM que dominaram o pódio da Marcenaria, ou não tivesse Paredes tradição na indústria da madeira. “Concorrendo com os melhores formandos a nível nacional, provenientes de vários centros de formação (apurados a nível regional com base em elevados níveis de desempenho), os formandos do CFPIMM destacaram-se pela sua exímia capacidade técnica e conhecimento”, refere o centro de formação de Lordelo.

“Hoje há cada vez menos jovens interessados nisto, mas acho que se experimentassem gostavam”

No total foram quatro os alunos do CFPIMM em competição. Três foram medalhados e o quarto recebeu um certificado de excelência. Os medalhados tiveram pontuação superior a 98,5, sendo que o vencedor ficou a 11 décimas dos 100 pontos (99,89).

Em comum os rapazes têm o gosto pelas madeiras que foi passado pelos familiares.

Pedro Cunha tem 16 anos e é de Sobrosa. “O meu pai trabalhava em polimentos e vários dos meus tios na área do mobiliário. Quis seguir a área da família”, conta o jovem que está no segundo ano do curso. “Além de estar a aprender a programar as máquinas para fazerem as tarefas também aprendi técnicas de marcenaria por causa disto. Gosto de trabalhar com madeiras. O que mais gosto é mesmo de ver o projecto terminado e saber que fui eu que o fiz”, explica o jovem, que acredita que tem trabalho garantido. “É comum os formandos acabarem os cursos e ficarem nas empresas onde estiveram em estágio”, dá como exemplo.

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Ideia idêntica têm os colegas que obtiveram a prata. Diogo Ribeiro tem 18 anos e é de Paredes. “Reprovei no 10.º ano e andei um bocadinho perdido até que me falaram deste curso. O meu pai tem uma carpintaria e já o ajudava desde os 13 anos, colava, polia e montava algumas peças. Vir para este curso foi natural”, garante o paredense. “Trabalhar com madeira tem muita saída. Temos a Capital do Móvel aqui à beira e esta é uma profissão de futuro”, adianta. Também Rui Nunes, de 17 anos, de Rebordosa, escolheu o curso depois de ir ajudar o pai a trabalhar na área das madeiras durante as férias. “Ele ensinou-me um pouco de tudo. Trabalhou em polimentos e foi marceneiro. Eu gostei e decidi vir para cá”, afirma o formando. “Hoje em dia há cada vez menos jovens interessados nisto, mas acho que se experimentassem gostavam”, sustenta Rui Nunes.

André Neves, tem 16 anos e é de Gandra. À semelhança dos colegas escolheu esta formação porque tinha familiares na área das madeiras e mobiliário. “Nunca tinha pensado trabalhar nesta área, mas andava à procura de um curso mais prático. Acho que este vai dar-me oportunidades de trabalho e gosto de acabar um móvel e saber que fui eu que fiz”, atesta.

Quando foram desafiados a participar no Campeonato das Profissões, estes jovens não recusaram o desafio. Durante cerca de quatro meses, primeiro fora do horário das aulas e depois também durante as formações tiveram de aprender actividades mais manuais. “Chegamos a vir para cá numa das semanas de férias do Natal e as empresas onde estamos também deixaram usar o tempo de estágio”, contam.

“Numa entrevista de emprego dizermos que fomos dos melhores a nível nacional é sempre importante”

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Nas primeiras fases da competição tiveram de fazer peças mais pequenas, como baús, depois um móvel com pés e gaveta, até que nesta prova final tiveram de desenvolver um móvel mais complexo e de maior dimensão que envolveu mais competências.

Durante três dias de prova, num total de 21 horas, cada um dos participantes teve de desenvolver a sua peça que foi avaliada pelo júri.

Os jovens não escondem que na prova houve espaço para “nervosismo” e “pressão”, já que a prova que os pôs a competir uns contra os outros “envolvia responsabilidade” e a possibilidade de alcançarem medalhas. Nunca tinham competido nestas provas e não faziam ideia da preparação dos adversários.

“Isto para o currículo é importante e numa entrevista de emprego dizermos que fomos dos melhores a nível nacional é sempre importante”, admitem os formandos.

Para Pedro Cunha, que vai representar o país aos campeonatos europeus, a responsabilidade é acrescida, não esconde. “Nunca tive o objectivo de ficar em primeiro lugar. Agora vou ter de trabalhar mais”, defende.

Quem acompanhou os alunos do CFPIMM mais de perto nesta competição foi José Macedo, formador de Marcenaria e programação CNC. “Foi a primeira vez que levei alunos deste centro aos Campeonatos, mas já levei formandos de outros centros e eu próprio já participei”, explica. Por ter sido concorrente e ter ganhado uma medalha de prata, José Macedo percebe a mais-valia destas provas que dão “experiência” e promovem a profissão. Além disso, o ambiente de pressão e a gestão que têm de fazer em competição pode ser transposta para o mundo do trabalho no futuro e permite mostrar os resultados da aprendizagem.

As medalhas conquistadas, diz o formador, são “uma motivação extra” para estes alunos que já têm mais experiência e conhecimentos que os restantes colegas. E isso pode ajudar a conseguir o emprego. “Normalmente 90% dos alunos que saem deste curso têm trabalho. As empresas estão sempre a pedir formandos e não conseguimos dar resposta”, refere.

Em relação ao Pedro Cunha, as expectativas estão agora mais altas. “O objectivo é trazer outra medalha. Vamos trabalhar nesse sentido”, adianta o docente.

Estes campeonatos podem ajudar a trazer mais jovens para o mundo das madeiras já que tem havido um desinteresse na área. O CFPIMM, por exemplo, não tem nenhum curso de Marcenaria a funcionar por falta de interessados.

Outros premiados da região

Houve outros jovens da região que participaram nestes Campeonatos das Profissões e foram medalhados como sendo dos melhores do país.

João Magalhães, de Lousada, formando do CENFIM Amarante que tinha sido o melhor do país no “Campeonato das Profissões do CENFIM”, conquistou a medalha de prata em Serralharia Civil (construções metálicas).

Leonardo Brandão, do CENFIM Ermesinde, conquistou uma medalha de bronze na Polimecânica. João Teixeira, também do CENFIM Ermesinde, trouxe para casa uma medalha de bronze em Desenho Industrial – CAD.

Marta Silva, do Agrupamento de Escolas de Paredes, conquistou uma medalha de Excelência na categoria Cozinha. Tiago Freitas, do CENFIM Ermesinde, ganhou também a medalha de Excelência em Fresagem CNC.