Estatística-surpresa

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O «The Economist» publicou há pouco (Maio de 2025) um artigo sobre a mudança do paradigma cultural no Reino Unido. Intitula-se «Altered minds» (concepções mudadas), com destaques: «Growing Catholicism» (catolicismo em alta) e «Young men in Britain are turning to Catholicism in surprising numbers» (uma quantidade surpreendente de rapazes jovens decidiu fazer-se católica).

O «The Economist» tem quase dois séculos, tira actualmente mais de um milhão de exemplares e, juntamente com a edição «online», chega a 35 milhões de leitores em todo o mundo. Tem raízes no Reino Unido e edições especiais no estrangeiro. É o jornal de maior impacto no mundo britânico, um dos principais jornais de referência.

Quanto à orientação ideológica, não tem qualquer inclinação católica. Defende o casamento homossexual, a legalização das drogas… Chegou a publicar uma nota necrológica de Deus a assinalar a mudança de milénio.

É este jornal insuspeito que divulgou agora inquéritos feitos a dezenas de milhar de adultos no Reino Unido, mostrando que a vida religiosa está a mudar e a evolução está a ser cada vez mais rápida.

O número dos que vão à igreja pelo menos uma vez por mês aumentou 56% desde 2018. Mais entre os homens e principalmente entre os jovens. Em 2018, apenas 4% dos jovens entre 18 e 24 anos frequentava regularmente a igreja; em 2024, a percentagem é de 16%.

O mais surpreendente é que a juventude britânica não frequenta as comunidades anglicanas ou protestantes, mas a Missa católica. Entre os mais velhos, sobretudo acima dos 55 anos, a percentagem de católicos é reduzida, mas entre os jovens está a acontecer o contrário, de modo que o «The Economist» prevê que «em breve, pela primeira vez em cinco séculos, os católicos praticantes podem ultrapassar os protestantes». Há seis anos, 1/3 dos jovens que frequentavam a igreja iam a uma comunidade anglicana; agora, apenas 1/5 vai lá e 41% participam na Missa católica.

O «The Economist» admite que a pandemia da Covid ajude a explicar o intensificar desta mudança sociológica, porque o confinamento levou os jovens a procurar inserir-se em comunidades. O estudo refere também que a oração e a liturgia são muito atractivas para os jovens, por contraste com o mundo online. Por outro lado, a internet permitiu o acesso directo à informação e há «sites» católicos com centenas de milhar de seguidores. Por exemplo, o bispo norte-americano Robert Barron transmite uma imagem atraente, de cristianismo para homens, exigente, mas que vale a pena.

Nalgumas zonas do globo, como a Ásia e a África, a Igreja católica tem crescido continuamente, mas a velha Europa parecia estar a abandoná-la em favor de estilos de vida mais fáceis ou mais exóticos. Os relacionamentos sexuais sem compromisso, a preguiça de participar na Eucaristia, o luxo, o egoísmo… Há mesmo modelos de negócio apostados em tirar partido dos vícios e da tendência para a facilidade. A evolução sociológica do Reino Unido representa uma ruptura em relação a este contexto.

Também em Portugal há alguns sectores, sobretudo entre os alunos das universidades mais selectivas, que estão a descobrir o catolicismo como uma proposta fascinante, capaz de dar um sentido verdadeiro à vida. Num primeiro momento, parece-lhes uma mensagem maravilhosa mas inalcançável; depois, percebem que é ainda muito melhor do que esperavam e que, com a ajuda de Deus, o sonho é possível.

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