Verdadeiro Olhar

Contas de 2015 aprovadas em Assembleia Municipal morna

Foi quase sem réplica da oposição que as contas de 2015 da Câmara Municipal de Paços de Ferreira foram, ontem, aprovadas em Assembleia Municipal.

O PSD admitiu uma redução da divida de médio e longo prazo, mas argumentou que essa redução foi conseguida com aumento de impostos e diminuição dos encargos financeiros. “Isto demonstra o que o PSD sempre disse, que depois do investimento feito seria possível diminuir a dívida”, afirmou Miguel Martins, da bancada social-democrata, que se absteve na votação do documento.

Visão diferente tem o PS que destacou a consolidação das finanças públicas, a resolução do problema com a concessionária de água e saneamento e os resultados positivos alcançados. “Desde 2008 que esta câmara não apresentava resultados positivos. Isso permite-nos reduzir a dívida e fazer investimento”, explicou o vereador Joaquim Sousa.

 

“Aumento de receita deve-se à eficiência e eficácia dos serviços”, argumenta executivo

O debate sobre a prestação de contas fez-se de forma rápida e sem grande discussão.

A Miguel Martins, do PSD, coube falar de um documento que, segundo a oposição, revela “uma redução da dívida de médio e longo prazo, sobretudo consequência da amortização de empréstimos”. Mas mostra ainda um aumento da dívida de curto prazo, “reconhecida pela própria câmara”, frisou o social-democrata.

Por outro lado, o PSD destacou um aumento da despesa e da receita proveniente de taxas e impostos.

Em resposta, o vereador Joaquim Sousa, a quem coube defender as contas da autarquia, ironizou: “fiquei contente com a sua intervenção. Resume-se a uma folha e limitou-se a copiar o que os senhores vereadores do PSD disseram em reunião de câmara”.

O autarca responsável pelas finanças do município negou que tenha havido qualquer aumento de taxas. “Pelo contrário, até reduzimos o IMI. O aumento de receita deve-se à eficiência e eficácia dos serviços”, sustentou. Segundo Joaquim Sousa, também não existiu aumento da dívida de curto-prazo. “Reduziu cinco milhões de euros, entre 31 de Outubro de 2013 e 31 de Dezembro de 2015. Não sei onde foi buscar isso”, disse. Já a dívida de médio e longo prazo reduziu 4,5 milhões de euros. “Retirando a contribuição que temos que fazer para o Fundo de Apoio Municipal reduzimos mais de 10 milhões de euros à dívida”, alegou o socialista.

Para Joaquim Sousa, outro dado que reflecte a boa gestão autárquica são os resultados positivos alcançados, algo que não acontecia desde 2008. “Isso permite-nos reduzir a dívida e fazer investimento”, realçou.

 

Receita fictícia de 30 milhões de euros para tapar “buraco” deixado pelo PSD, acusa PS

Quanto à execução orçamental, o vereador do PS salientou que, do lado da receita, o documento prevê “uma receita que não é receita nenhuma”. “É um buraco orçamental de 30 milhões de euros que vem do anterior executivo e é uma receita fictícia que só é usada para fazer equilíbrio orçamental, como está lá dito”, explicou, dizendo que a execução orçamental chegou aos 87,5%, mas que não está ainda satisfeito e pretende chegar aos 100%.

O aumento do dinamismo da actividade económica também está espelhado no documento, referiu Joaquim Sousa, falando do aumento da receita do IMT e da derrama.

O autarca disse-se preocupado com o rácio de independência financeira do município, que está 58% dependente das transferências do Estado, e com o resgate da concessão de água e saneamento que vai acrescentar mais 50 milhões de euros à dívida. “O problema da dívida da câmara não se vai resolver nos próximos anos. Vamos andar 35 anos a pagar o problema que o PSD criou”, concluiu.

O documento foi aprovado por maioria com 10 abstenções do PSD.