O grande vencedor é Rui Moutinho, uma vez que ao facto de ter sido o mais votado conseguiu juntar um número de votos superior ao que tinha recebido o anterior presidente (Pedro Mendes), nas eleições de Março último. Venceu três candidatos potenciais ao lugar em disputa reunidos na lista adversária (Joaquim Neves, Raquel Moreira da Silva e Conceição Ruão) e a oposição interna e intensa de Pedro Mendes, o presidente demissionário. Apresentou-se aos militantes com a intenção anunciada de que, caso vencesse, seria o candidato do partido à presidência da Câmara Municipal de Paredes e sai deste acto eleitoral mais do que legitimado para o ser. Deste modo, parece ficar resolvido este assunto no PSD.
Mais do que o próprio Joaquim Neves – candidato alternativo a Rui Moutinho – o grande derrotado neste processo é o vice-presidente da Câmara Municipal e ex-presidente da Concelhia Pedro Mendes. O seu desaire começou quando ignorou o sinal que a sua Comissão Política lhe deu para iniciar o processo de escolha do candidato às autárquicas, prosseguiu quando fez de conta que não viu todos os presidentes de Junta, toda a sua Comissão Política, o presidente da Câmara Municipal e os membros da Assembleia Municipal todos juntos no apoio à candidatura de Rui Moutinho e concluiu-se quando, a dez minutos da abertura das urnas, enviou a todos os militantes uma mensagem de apoio à candidatura de Joaquim Neves e de ataque desesperado a Rui Moutinho.
Derrotada foi também Raquel Moreira da Silva, que apostou todas as suas “fichas” na sua participação na lista de Joaquim Neves. Ainda faltavam três dias para as eleições e já a ex-vereadora dizia aos microfones de uma rádio para os lados de Coimbra que era ela que estava em melhores condições para ser a candidata à Câmara Municipal. Questionada sobre o eventual interesse de um hipotético movimento independente, lá foi dizendo que, se fosse a candidata, não poria de fora essa hipótese, declarações que criam dúvidas à real motivação de fazer parte de uma lista que não encabeçou e até de lealdade ao cabeça de lista efectivo.
Quanto à ex-deputada Conceição Ruão, parece ter saído deste processo com uma imagem de uma certa irrelevância política no que diz respeito ao PSD local.
Por fim, Joaquim Neves, o único verdadeiro candidato alternativo a Rui Moutinho que se apresentou a eleições, é tecnicamente derrotado porque teve menos votos do que a lista adversária, mas não o é politicamente. Na verdade, conseguiu provar que vale mais votos do que Pedro Mendes, Raquel Moreira da Silva e Conceição Ruão juntos. Provavelmente, até conseguiria a mesma votação caso tivesse concorrido sozinho. Para além disso, mostrou ao partido que representa uma significativa parte deste que não pode nem deve ser ignorada daqui para a frente. Se souber livrar-se dos que se juntaram a ele por motivos de vingança política ao adversário eleitoral, poderá ter um papel a desempenhar no futuro do PSD.