Nascida e criada em Ermesinde, Catarina Mesquita Gonçalves nunca tinha sequer pensado em ser bombeira. Até que, num dia igual, aos outros deparou-se com uma ambulância parada à porta dos pais com a mensagem “Torna-te bombeira voluntária”. Pensou “porque não?” e foi ao quartel inscrever-se.
Fez parte da primeira recruta feminina dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde, em 2010, e foi promovida a bombeira de 3.ª. “Foi uma grande mudança interna. Esta casa era só frequentada por homens”, explica. Mudança maior aconteceu recentemente, quando, com a criação do Quadro de Oficiais na corporação, Catarina foi promovida a Estagiária a Oficial Bombeiro no Quadro Activo. Antes, já ia dando apoio ao comando em algumas tarefas de âmbito operacional. “Há muita coisa que é preciso fazer fora ir ao terreno”, descreve.
Vai agora fazer o curso de comando na Escola Nacional de Bombeiros. “Podia ter escolhido o caminho mais curto, mas preferi fazer o curso porque é uma função de muita responsabilidade. Quando me perguntam se estou preparada costumo dizer que estou preparada para me preparar. E há muita gente no quartel com muita experiência com quem tem muito a aprender”, garante.
Ainda assim, afirma, “há muita mudança de mentalidade por fazer”.
“Costumo dizer que quando queremos alguma coisa arranjamos forma, quando não queremos arranjamos desculpas”
Se o voluntariado aconteceu por acaso, a profissão – é Assistente Social – veio pelo desejo de trabalhar com pessoas. “Queria fazer a diferença na vida das pessoas mesmo que fosse pequena. Esforço-me por isso todos os dias”, explica a jovem.
Catarina Mesquita Gonçalves tem hoje 29 anos. É casada com um bombeiro e tem uma filha de quatro anos. “Temos vindo a apoiar a carreira um do outro e partilhamos a paixão pelos bombeiros”, conta.
A filha, garante, quase não sente a sua ausência, mesmo quando faz piquete nocturno. “Uma mãe mais feliz é uma mãe mais realizada e com mais paciência”, acredita. “Passo-lhe a noção de voluntariado e explico que a mãe dela também é dos outros. Ela sabe que a mãe é feliz aqui e vê os bombeiros como uma instituição positiva”, acrescenta Catarina Mesquita Gonçalves.
Apesar das novas funções continua a sair frequentemente em ocorrências. É ainda formadora dentro e fora dos bombeiros.