Verdadeiro Olhar

Autárquicas 2017: “O concelho perdeu muito com o fim da PFR Invest”

Paulo Martins tem 52 anos e é mediador de seguros. É o candidato do CDS à Câmara Municipal de Paços de Ferreira.

Caracteriza-se como pragmático e acusa o executivo socialista de ter optado pelo populismo e pela crispação da relação com as outras forças políticas nos últimos quatro anos. Diz que o concelho não tem estratégia e que Paços de Ferreira perdeu com o fim da PFR Invest pelo facto de não ter sido criada qualquer alternativa.

O candidato do CDS defende a integração do concelho na Área Metropolitana do Porto e adianta que as grandes prioridades da sua candidatura passam ainda pela captação de investimento, pela criação de uma ciclovia que ligue os dois parques urbanos do concelho e por mais equipamentos desportivos nos parques de lazer.

Paulo Martins quer acabar com o bipolarismo do executivo e acredita que vai ser eleito vereador a 1 de Outubro.

Porque aceitou ser candidato à Câmara Municipal de Paços de Ferreira?

O que me leva a assumir esta candidatura é o bem-estar dos pacenses, tendo como principal foco a resolução dos problemas e constrangimentos que afectam as populações.

 

Sempre foi interventivo em termos partidários?

Sim, sempre que possível. Sou militante há muitos anos. Mas este partido, ao longo do tempo, em vez de se exponenciar diminuiu e, como tal, as oportunidades de manifestar aquilo que penso perante as pessoas têm sido menores e não maiores.

 

Que balanço faz dos últimos quatro anos de governação do PS em Paços de Ferreira?

Nos últimos quatros anos tem havido mais populismo do que o pragmatismo que preconizo. Têm sido usadas obras como porta-estandarte que procuram evidenciar, a cada momento, um feito, que parece à primeira vista algo de extraordinário, mas que para mim não o são de facto.

Está a dizer que Humberto Brito não fez nada de bom nestes quatro anos?

Basicamente, aquilo que melhor conseguiu fazer foi crispar a relação entre as entidades políticas, sobretudo, as de maior relevo.

Está a referir-se a que entidades?

Estou a falar da relação do PSD, pelas tomadas de posição que foram tomadas ao longo do tempo. Em lugar de haver uma tentativa de diálogo entre as partes, assisti a uma tentativa que não é uma tentativa, a um confronto efectivo de metodologia, de modus operandi, da forma de actuar face às mais diversas questões.

Este concelho, aquando da governação de Pedro Pinto, estava de facto num caminho bastante positivo, quer pela atracção de investimentos quer pelas obras que foram realizadas

Isso não foi benéfico para o concelho nestes últimos quatro anos?

Não, de forma alguma. Não é com esta atitude que se conseguem unir os pacenses. Foi uma perda de tempo que poderia ter sido usado de forma mais útil na resolução dos problemas das pessoas.

Este concelho, aquando da governação de Pedro Pinto, estava de facto num caminho bastante positivo, quer pela atracção de investimentos quer pelas obras que foram realizadas. Hoje, assisto muito mais a folclore que a outra coisa qualquer.

 

Mais folclore que obra?

Muito mais folclore.

 

Paços de Ferreira é um concelho “a discutir o passado, sem investimento e sem estratégia” como disse recentemente?

Não vejo qualquer tipo de estratégia. Aquilo que carece de ser resolvido não está a ser resolvido. Vejo a Associação Empresarial deste concelho moribunda, vejo a estratégia de captação de investimento para o concelho, também, moribunda, não há qualquer medida e isso faz com que, na verdade, em lugar de ser um concelho que capta investimentos, está a ser um concelho que os deixa partir para outras partes.

Mas o executivo tem anunciado a criação de várias empresas, a vinda de vários investimentos?

Anunciar é fácil, mas, na verdade, quando se capta um e se deixa perder três ou quatro, para mim, isso não é captação de investimento. É o designado ‘do mal o menos’. É aquilo que verifico.

Mas houve de facto uma diminuição do desemprego. Não atribuiu esse mérito à acção do executivo?

A conjuntura nacional é que determinou que houvesse uma diminuição de desemprego a nível nacional e por consequência a nível local.

 

Acha que o concelho tem vindo a perder protagonismo na região?

Não se nota ainda muito, mas a breve trecho vai ser, cada vez, mais visível. Este concelho deu passos muito importantes aquando da criação dos pólos industriais, que fixaram aqui inúmeras empresas e permitiu a outras redimensionar-se, adquirir outro tipo de estruturas e projecção. O que vejo é as pessoas a quererem investir e a não poderem porque não lhes são dadas as condições para que o façam.

 

Está a falar de que tipo de condições? Os benefícios e incentivos fiscais continuam a existir.

Não só os benefícios fiscais em si mesmo. É preciso um apoio da parte da câmara, ter, quiçá, um gabinete que apoie o empresário, sendo ele da nossa área ou de fora, a instalar-se, sem ser necessário andar aí a deambular por todos os cantos à procura de como é que vai proceder. Como esse trabalho não é feito aqui, alguém o faz e as pessoas partem para outro lado.

Acha que o concelho perdeu com o fim da PFR Invest?

Perdeu e muito. Perde com o fim da PFR Invest e perde com a não criação de uma alternativa à PFR Invest. Aí é que está o problema. Quando temos uma via que se esgota e que não satisfaz por que não arranjar uma alternativa para a mesma?

A PFR Invest, independentemente de todos os erros que possa ter cometido ao longo do seu trajecto, contribuiu muito para o desenvolvimento deste concelho

Defende que a câmara, tendo optado pelo caminho da insolvência da PFR Invest, devia ter criado uma alternativa?

Indiscutivelmente. A PFR Invest, independentemente de todos os erros que possa ter cometido ao longo do seu trajecto, contribuiu muito para o desenvolvimento deste concelho. Trouxe investidores, trouxe maior notoriedade e maior visibilidade ao concelho. Após isso, verificamos uma curva acentuada, em declínio notório, dessa visibilidade e dessa pretensão para os investidores.

 

Esse protagonismo perdeu-se para os concelhos vizinhos?

É uma debandada e só não é maior por uma razão, porque os concelhos vizinhos ainda não criaram as infra-estruturas que existem em Paços de Ferreira desde o tempo de Pedro Pinto. Quando eles as tiverem, quando estiverem em igualdade de armas a demanda vai ser maior.

Em que é que o CDS pode ser alternativa ao actual executivo e inverter este panorama?

A pretensão do CDS é tentar acabar com a bipolaridade política neste concelho. Isso obriga a que todos trabalhemos mais para conseguir obter melhores resultados.

O CDS pretende criar outras estruturas para voltar a captar investimentos. Há questões que se prendem com a pegada ecológica, que está completamente esquecida, todo o mundo assobia para o lado, mas é insustentável. Basta ir junto da lixeira de Lustosa e ver que aquilo não é sustentável. Podemos dar passos para que isso seja mudado e conseguir minorar os malefícios de tudo isso que existe.

Foram criados parques urbanos pelo concelho e muito bem, só que a estes equipamentos falta-lhes ser dotados de infra-estruturas que permitam às pessoas ter actividades lúdicas e desportivas. Bastava que dotassem esses mesmos parques com pequenas máquinas para relaxamento muscular, de extensões e outras.

Por outro lado, existem dois parques urbanos, que são os maiores do concelho, que são os de Paços de Ferreira e Freamunde, e defendemos a criação de uma ciclovia entre os dois. Os custos não são assim tão elevados e iria ser benéfico para as pessoas e para a prática desportiva.

Na área da cultura, o concelho é um deserto. Se bem que aí as pessoas podem dizer que do ponto de vista cultural não é só Paços de Ferreira, à volta é praticamente a mesma coisa, mas podemos fazer mais pelo concelho. Em termos de eventos culturais verdadeiramente ditos, a coisa é muito pouca e o CDS propunha-se a fazer muito mais.

Falta um evento cultural de grande dimensão, tirando partido da indústria que prevalece neste concelho

Falta um evento cultural de grande dimensão em Paços de Ferreira?

Falta um evento cultural de grande dimensão, tirando partido da indústria que prevalece neste concelho, embora o tecido industrial tivesse grandes variações nestes últimos não quatro anos, mas nos antecedentes. Tal como fez o Vale do Ave face ao têxtil, dever-se-ia fazer um evento sobre o móvel, o design do móvel, para tornar mais visível o concelho quer ao nível nacional quer ao nível europeu. Coisa que foi feita, de facto, na altura do anterior presidente de câmara, Pedro Pinto.

 

Está-me a citar várias vezes o mandato de Pedro Pinto…

Porque é inegável que revejo-me nas decisões que foram tomadas nessa altura. É preciso não esquecer que foi, nessa altura, que Paços de Ferreira foi reconhecido como Capital ‘Europeia’ de Móvel, foi, nessa altura, que foram criados parques industriais. Não é dizer que sou contra por ser contra.

Também já disse que quer minimizar o impacto causado pelo aterro sanitário de Lustosa. Porquê?

Há aqui uma questão ambiental. Sou pacense, mas também sou português. Não é por ele estar em Lustosa que me afecta menos. É procurar uma solução mais ecológica para o município de Paços de Ferreira e para os municípios onde o aterro está instalado actualmente.

Mas de que tipo de solução estaríamos a falar?

É uma solução do género da solução, por exemplo, que é adoptada pelo Porto e Gaia. É uma solução que consiste em eliminar, grosso modo, o resíduo, por incineração. Essa é a solução que defendo. Mais tarde há outras tecnologias a desenvolver que poderão ser implementadas.

 

Que outras prioridades tem o CDS para o concelho?

Queremos melhorar a qualidade de vida das famílias que vivem nos bairros sociais, dotando os edifícios e espaços envolventes de todas as condições para que as pessoas se sintam melhor e mais integradas; requalificar as estradas do concelho ao invés de fazer remendos; apoiar todas as juntas de freguesia e todos os clubes do concelho; requalificar o Pilar; apoiar de forma inequívoca o parque escolar do concelho, entre outros.

Há uma prioridade que é vital para o CDS, e estranho que não ouvi ninguém a citá-la. O concelho deveria integrar-se, o mais rapidamente possível, na Área Metropolitana do Porto. Nesse âmbito também defendemos a vinda de um pólo universitário para o concelho.

O concelho deveria integrar-se, o mais rapidamente possível, na Área Metropolitana do Porto

Que benefícios é que isso traria para o concelho?

Começava logo por um poder reivindicativo maior por parte do concelho. Seria muito mais audível a nível do poder central. Seria, também, positivo para a captação dos investimentos. Quando um concelho é mais visível, captar investimento para ele torna-se mais fácil, porque há mais entidades a observarem o concelho e as suas potencialidades.

O Porto tem, de facto, uma força muito grande.

Essa é uma ideia que está a ser defendida pelo actual presidente de Câmara e recandidato do PS.

Essa é uma ideia que ele defende há muito pouco tempo. Ele bateu-se sempre pela manutenção… Mas as pessoas normalmente acordam. Por vezes tarde, mas acordam. É possível.

Passando para a Área Metropolitana do Porto, Paços de Ferreira não passaria a estar nos últimos lugares dessa região, como acontece com outros concelhos?

Não creio e explico porquê. Porque não se pode ver o concelho de Paços de Ferreira pelos seus 56 mil habitantes. Temos de ver o concelho pela capacidade instalada que ele tem e que é fortíssima, coisa que muitos dos concelhos da Área Metropolitana não têm e dificilmente terão. O know-how que existe em Paços de Ferreira faz com que venham para cá indústrias, com especial relevância, que dão a notoriedade a este município.

Não me passa pela cabeça que Paços de Ferreira passe a ser a cauda, pelo contrário, acho que passará a ser um dos elementos chave da locomotiva da Área Metropolitana do Porto. Os dados das exportações de Paços de Ferreira são muito mais elevados que os da Póvoa de Varzim ou de Vila do Conde.

 

E com a ideia de ter linha férrea no concelho, concorda?

Isso é a mesma coisa que pensarmos, agora, em voltar a ter carochas. Podemos ter carochas, mas não é a mesma coisa. Não acho que se justifique de forma alguma, com o Porto de Leixões tão próximo, com vias de circulação excelentes…

Uma linha de comboio para mim é um sonho utópico.

A A42 basta?

Acho que basta e mais que basta. Temos quatro entradas no concelho de Paços de Ferreira, o que é difícil em concelhos desta dimensão. Uma linha de comboio para mim é um sonho utópico.

 

Face ao desinvestimento que tem havido nesta área a nível nacional não compensa fazer uma linha em Paços de Ferreira?

De forma nenhuma. Isso é utopia pura. Se me falassem que para despenalizar as empresas pacenses deixariam de existir portagens, pelo menos no acesso ao grande Porto, o CDS apoiaria completamente essa ideia. Agora, uma ideia peregrina que choca com tudo… Estamos a falar de um investimento colossal e se o Estado fizesse esse investimento, coisa que não acredito, não iria satisfazer as pretensões que o CDS tem para o concelho, que é apoiar o município para que continue, com a mesma velocidade, a sua industrialização, para dar qualidade de vida a todos os pacenses.

Acha que a luta devia ser pela extinção das portagens para os empresários?

Seria mais lógico. Ou até uma luta para que o combustível para as empresas fosse mais barato, até porque há imensas empresas que exportam por via terrestre. Isso sim, seria uma ideia que trariam valor acrescentado e vantagens para essas mesmas empresas. O comboio… não vou por aí.

 

De que forma é que, enquanto presidente da câmara, procuraria atrair investimento para o concelho e apoiar as empresas?

Essa será uma das prioridades desta candidatura. Atrair investimentos e contrariar a demanda de investimentos que se está a verificar para os concelhos limítrofes. Julgo que criação de um gabinete de apoio aos empresários seria num contributo importante, ajudando os empresários com apoio técnico e logístico. E depois, dentro daquilo que são os poderes autárquicos, do ponto de vista contributivo, dar benefícios fiscais, no âmbito da derrama, do IMI, e até no apoio e diminuição de custos na elaboração de projectos para a instalação dessas mesmas unidades. Há muita coisa que poderia ser feita pela câmara municipal.

Se esse impacto for tolher o concelho e o impossibilitar de lançar as infra-estruturas produtivas que nós preconizamos, então era preferível manter a água ao preço que estava.

Concorda com a solução encontrada para o problema da água?

Há uma redução de 30% anunciada. Sou como o pobre: quando a esmola é grande, desconfia. O que quero saber são os custos a posteriori. Tratando-se de uma empresa privada ou público-privada que não tinha qualquer condição de diminuir o valor da água e, de repente, baixa-a 30%… Quero com o decorrer do tempo ver o que lhe foi dado em troca. Só a partir daí é que vou ver se foi uma boa aposta ou se não foi. Se isto tiver, a montante, custos acrescidos para os pacenses, não acho que tenha sido uma boa aposta.

A câmara já assumiu que terá de pagar uma indemnização a esta empresa que chegará a cerca de 50 milhões nos próximos anos.

Ora, aí está. Se afectar e der origem ao desinvestimento por parte da autarquia nas áreas que lhe acabei de falar, onde é que está a vantagem? Há uma vantagem imediata que, a posteriori, se revela uma má opção.

 

Qual é que teria sido a opção do CDS?

A opção do CDS seria sempre sentar à mesa das negociações e ver quais as contrapartidas. Se, porventura, se tratasse de uma indeminização desse montante, ver o impacto que vai ter num concelho desta dimensão e, fruto desse impacto, fazer uma análise. Se esse impacto for o suficiente para tolher o concelho e o impossibilitar de lançar as infra-estruturas produtivas que nós preconizamos, então era preferível manter a água ao preço que estava e ter a capacidade de fazer as obras que são necessárias fazer.

A seu ver, Humberto Brito avançou para esta solução para cumprir uma promessa eleitoral?

Acho que sim, embora não a tenha conseguido cumprir porque ele disse que vinha para metade e baixou 30%.

Mas a autarquia garante que o pagamento destes 50 milhões é um mal menor já que se tentassem acabar com o contrato a indeminização ultrapassaria os 100 milhões de euros.

Compreendo que seja um mal menor, mas o ideal era não ter de pagar indeminização a ninguém. Só fazendo as contas, vendo esse tal impacto. Mesmo que seja uma renda ao longo dos anos, será sempre uma parcela do orçamento que ficará adstrita àquele investimento e isso não permitirá avançar com outros projectos. Para isso, temos de fazer bem as contas. Não acredito que tenha sido uma boa opção.

A dívida foi deixada pelo PSD, mas com obra feita. É justificada.

A Câmara de Paços de Ferreira está entre as mais endividadas do país e é uma das que mais demora a pagar a fornecedores. Qual seria o caminho do CDS para reduzir a dívida?

Isso preocupa-me. Uma câmara quando se endivida para progredir tem uma desvantagem que é o endividamento e tem uma vantagem que é aumentar a sua capacidade produtiva e com isso obter mais resultados para conseguir pagar. Se a mesma câmara, ao mesmo tempo que tem a dívida para pagar, diminuiu a capacidade instalada para pagar essa mesma dívida, então, deixamos de ter um mal, passamos a ter dois. Tem a dívida na mesma e menos capacidade para a pagar.

Como é que a câmara poderia ter gerado riqueza?

Nos dados do INE, Paços de Ferreira figura como um concelho rico, em função do que gera em termos de produto per capita. Quer dizer que o trabalho de há 10, 11 anos surtiu efeito até uma determinada altura. Em contrapartida, a capacidade instalada do concelho aumentou exponencialmente. Ora, com isto a dívida é maior, mas, também, a capacidade de a pagar é muito maior. Se não liquidarmos essa capacidade instalada vamos ter capacidade para pagar, se começarmos a originar a demanda de empresas para outros locais, evidentemente que chegará a altura em que o concelho entrará em incumprimento porque a receita não será suficiente para satisfazer os compromissos que tem.

Os investimentos que foram feitos em Paços de Ferreira, não vão ter de ser feitos necessariamente outra vez. Não precisamos de fazer novamente todos os polos industriais que foram feitos, de fazer o parque escolar. Essa verba podia ser focalizada para a amortização da dívida.

 

Reconhece que a dívida foi deixada pelo executivo do PSD?

Sem dúvida, mas com obra feita. É justificada.

Então o que é este executivo devia ter feito quando tomou posse? O que é que o CDS teria feito diferente?

Antes de ter uma política populista, que deixa tudo crispado, entrava numa base de pragmatismo. Íamos procurar resolver as situações pendentes, resultantes do endividamento. No caso da água, diminuir 30% à custa de uma indeminização de 50 milhões, creio que é excessivo e vai-se revelar, a seu tempo, como nefasto para o concelho. Procuraria resolver esses assuntos, interagindo com as forças políticas do concelho por força a que solução fosse a mais viável. Não é a mais fácil nem a mais populista.

 

Mas este executivo tem vindo a diminuir a dívida.

Se não faz nada, a dívida tem de diminuir.

 

Está a dizer que mais valia ter mantido a dívida…

Não. Defendo a diminuição da dívida. Sou é contra o populismo. Procurava interagir com os diversos parceiros por forma a solver a dívida até porque não havia motivos para a continuar a aumentar porque as obras estavam feitas.

Defendo obras que garantam vias com melhor qualidade. Não vias cheias de lombas e buracos remendados à pressa.”

Mas a câmara tem continuado a fazer obras, por exemplo, por administração directa, nas estradas.

Essa é uma das coisas que me deixa pasmo, porque não vejo as estradas reparadas. Vejo as estradas como quando era menino, quando tinha nove, 10 anos, quando não havia maquinismo, não havia nada e andava-se a tapar buracos, deitar-lhe alcatrão. Isso não é solucionar o problema. É adiar o problema. É preferível em vez de dizermos que melhoramos 60 quilómetros, dizer que só melhoramos 20, mas melhorar efectivamente. No próximo Inverno vai ficar tudo esburacado novamente. Defendo obras que garantam vias com melhor qualidade. Não vias cheias de lombas e buracos remendados à pressa.

 

O que seria um bom resultado para o CDS? Eleger um vereador?

As nossas expectativas passam por acabar com a bipolarização e a rotatividade entre o PS e PSD, passando o CDS a ter uma palavra a dizer. Queremos aumentar o score das últimas eleições, duas a três vezes. Sempre o disse e continuo a dizer, o partido é pequeno no concelho, tem inclusivamente menos capacidade financeira para divulgar a sua mensagem.

Um score que foi muito baixo.

Sim, mas se aumentarmos duas ou três vezes já prevemos eleger um vereador para a câmara. Seria o ideal.

Mais representação na assembleia municipal também seria objectivo?

Sim, porque, neste momento, não temos nenhum deputado municipal. E queremos ganhar uma das freguesias a que nos candidatamos, que são Arreigada/Frazão, Ferreira, Figueiró e Meixomil.

 

Queriam candidatar-se a mais freguesias?

Tínhamos candidatos suficientes para Freamunde, Paços de Ferreira e Penamaior. Só ficaram a faltar cabeças de lista.

 

O CDS tem andado arredado da discussão política. Acha que a população vai depositar confiança nesta candidatura?

Se, porventura, nos for dada a capacidade de intervenção mínima que desejamos estou em crer que sim. Não houve nada que fizesse com que os munícipes passassem a ter menos crédito no CDS. Não é por aí. Tudo tem a ver com a visibilidade que vamos ter em campanha. Com poucos meios é muito difícil passar a mensagem a um conjunto significativo de pessoas.

 

Porque é que as pessoas devem votar num projecto liderado pelo Paulo Martins?

Porque sou pelo pragmatismo e o pragmatismo não promete. O populismo ilude e a ilusão normalmente sai cara. É tão simples quanto isso.