Os últimos números do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ) voltam a colocar o distrito do Porto no topo do mapa do jogo online em Portugal. No segundo trimestre de 2025, mais de um quinto dos jogadores registados em plataformas legais de jogo a dinheiro indicava residência no distrito.
O que confirma o Porto como o segundo território com mais apostadores online, logo atrás de Lisboa e claramente acima do resto do país. Embora o padrão seja nacional, tem consequências bem visíveis numa região onde o acesso à internet de banda larga e às aplicações móveis é cada vez mais transversal, do litoral ao Tâmega e Sousa.
Entre apostas desportivas, jogos de casino ao vivo e modalidades mais recentes, como os chamados jogos crash, o Porto é um dos principais centros de consumo de jogo online regulado em Portugal.
Um mercado online que vale milhões por trimestre
A dimensão do fenómeno ajuda a perceber porque é que a distribuição geográfica dos jogadores ganhou relevância. De acordo com dados dos relatórios trimestrais do SRIJ, os operadores licenciados em Portugal reportaram cerca de 287 milhões de euros de receita bruta de jogo online (GGR) apenas no segundo trimestre de 2025.
Isso é um crescimento próximo de 10% face ao período homólogo. Se olharmos para o primeiro semestre completo, a receita bruta do jogo online atinge aproximadamente 571,7 milhões de euros, o que significa que, em média, os portugueses gastaram em jogos de fortuna ou azar e apostas desportivas online cerca de 3,1 milhões de euros por dia nesse período.
Só em impostos, através do Imposto Especial de Jogo Online (IEJO), o Estado arrecadou no mesmo semestre 163,9 milhões de euros, confirmando o setor como uma fonte relevante de receita fiscal.
Dentro deste ecossistema, os jogos de casino online já representam a maior fatia da receita. Em 2024, os dados do SRIJ apontavam para cerca de 60% da receita bruta online proveniente de jogos de fortuna ou azar, com os restantes 40% concentrados nas apostas desportivas à cota.
Dentro do casino, as máquinas de slots dominavam claramente as preferências, com mais de oito em cada dez apostas feitas neste tipo de jogo, enquanto modalidades como roleta, blackjack, banca francesa e póquer online ocupavam parcelas bem mais reduzidas do volume total, mas com comunidades de jogadores muito fiéis.
É neste segmento mais especializado que ganham espaço as salas de poker online nacionais, integradas nas plataformas licenciadas pelo SRIJ. Porque em termos de volume global, o póquer, tanto em modo de dinheiro real como em torneios, representa apenas uma pequena fração das apostas face às slots ou à roleta.
Sendo mais relevante para jogadores experientes que procuram estruturas de torneios, mesas cash e formatos híbridos, muitas vezes jogados em dispositivos móveis e em horários muito variados. E, embora o póquer tenha um papel menor, a quantidade de jogadores do setor não é pequeno.
O número de contas associadas a plataformas legais não pára de crescer. No final de 2024, estimava-se a existência de mais de 4,7 milhões de registos, dos quais cerca de 1,2 milhões correspondiam a jogadores efetivamente ativos em 2025, isto é, utilizadores que apostam com alguma regularidade ao longo do ano.
Para o regulador, o desafio está em enquadrar todas estas vertentes, casino, apostas desportivas, póquer e novos formatos de jogo rápido, num regime único, definido pelo Regime Jurídico dos Jogos e Apostas Online aprovado em 2015, que estabelece regras para licenças, fiscalização, tributação e proteção do jogador.
Porto e Lisboa concentram grande parte dos jogadores online
O eixo Lisboa-Porto continua a liderar quando se fala na localização dos jogadores. Os relatórios de atividade de jogo online mostram que, trimestre após trimestre, estes dois distritos concentram mais de 40% dos residentes com conta ativa em plataformas legais, alternando entre si a liderança no topo da tabela.
No segundo trimestre de 2025, os dados trabalhados pela comunicação social regional indicam que cerca de 21,1% dos jogadores registados viviam no distrito do Porto, enquanto Lisboa surgia ligeiramente à frente, com uma diferença de cerca de seis décimas de ponto percentual.
Em termos práticos, isto significa que, em cada cinco contas ativas de jogo online em Portugal, pelo menos uma está associada a uma morada no distrito do Porto. A tendência não é nova. Em 2024, o mesmo Porto já aparecia como o distrito com maior número de jogadores registados.
Com cerca de 21,2% do total, seguido de muito perto por Lisboa e, mais atrás, por Setúbal, Braga e Aveiro. A ligeira inversão de posições em 2025, Lisboa em primeiro, Porto logo a seguir, não altera a ideia de fundo. O núcleo Norte-Centro do litoral continua a ser o grande polo de jogo online no país.








































