A cooperação estratégica entre os países de Língua Oficial Portuguesa é já longínqua e tem-se revelado pertinente para fomentar relações bidirecionais de partilha de conhecimento e de construção de soluções para o desenvolvimento de projetos transversais para as comunidades.

A relação entre estes países encontra uma forte identidade e ligação histórica, que ultrapassa as dinâmicas económicas, para criar raízes culturais e sociais que se refletem na organização das sociedades que integram estes territórios.

A propósito desta associação, realizou-se mais um congresso da APLOP, que junta os principais portos sediados neste contexto territorial, numa nova oportunidade para fomentar uma estratégiaamplificada e capaz de criar sinergias para a partilha de experiências e para a definição de modelos de gestão assentes nas boas práticas comuns e nas trocas comerciais entre os seus membros.

Este encontro, que teve lugar em Luanda, esteve centrado na discussão em torno da resiliência portuária, como mecanismo para fazer crescer as infraestruturas, num cenário particularmente exigente fruto das circunstâncias pandémicas que dominam o mundo atual, objetivo que sairá facilitado com a concertação de esforços e com a necessidade reconhecida por todos de que é necessário recorrer ao conjunto para viabilizar determinadas opções e decisões estruturais, tendo como meta um futuro mais verde.

A APDL, em linha com os desígnios que vem defendendo, apresentou-se neste certame com o plano de sustentabilidade que está a implementar nas suas unidades, com base no investimento no core do negócio, ou seja, nas infraestruturas portuárias, em articulação com a diversificação do negócio, procurando expressar novas valências de serviços, numa lógica de eficiência da sua atividade, económica e ambiental, e de eficácia e abrangência na oferta para os seus clientes.

Este desenho resulta, por um lado, no aumento da capacidade funcional e de segurança que os investimentos nas infraestruturas vão produzir, nomeadamente do Novo Terminal, do prolongamento do quebra-mar e da melhoria das acessibilidades marítimas, e, por outro, da otimização e capacitação sustentável que a diversificação do negócio irá permitir, por via da aposta na ferrovia, na energia e na digitalização.

Neste último plano, a concretização do mix energético dos portos, por recurso a energia proveniente de fontes renováveis e da promoção de combustíveis do futuro no setor marítimo, conduzirá a um pressuposto de autossuficiência energética e de neutralidade carbónica, 15 anos antes do horizonte de 2050, funcionando assim como um importante contributo para os objetivos definidos pela União Europeia e assumidos por Portugal.

Esta intenção não ficará confinada à alimentação energética das áreas sob gestão da APDL, propondo-se esta empresa a criar condições para a produção destinada ao fornecimento externo, a par de soluções de transformação digital – objetivamente mais seguras – e da intermodalidade do transporte, com repercussões substancialmente positivas e ambientalmente mais verdes.

A congregação destes vetores e a incorporação de instrumentos de última geração, como o 5G, tornando Leixões o primeiro porto com esta tecnologia, dotará as estruturas de maior fiabilidade na resposta ao tecido empresarial e industrial da região, onde se inclui o Vale do Sousa, reconhecido pela sua força empresarial, fazendo com que a resiliência portuária estimule a resiliência do território e das economias regionais e nacionais.

Inevitavelmente, o sucesso desta estratégia no contexto da região norte poderá inspirar o encontro de mecanismos de valor para a gestão portuária nos diferentes países, que encontra o denominador comum de assumir os portos como infraestruturas de sobremaneira relevantes para o crescimento social e económico dos países.

Neste e noutros setores de relevo, estaremos em condições de aproveitar o que de bom se vai fazendo nos diferentes cenários sociais e económicos, para garantir que os portos continuam a ser alavancas para a internacionalização das empresas e para o acesso a novos mercados, numa perspetiva de comercialização do produto acabado e de obtenção de matéria-prima.