Verdadeiro Olhar

E vão três

Francisco Coelho da RochaE vão três. Nunca umas eleições para uma Comissão Política Concelhia gozaram de tanto interesse nesta região como as que vão decorrer no PSD-Paredes. Neste momento já temos três candidatos confirmados e mais dois que o desejam ser. Entretanto, a candidata Raquel Moreira da Silva deverá desistir da corrida, devido a divergências com alguns militantes influentes. No entanto, à excepção da candidatura de Joaquim Neves, que está anunciada há mais de um ano, o aparecimento de tantos candidatos (podem vir a ser cinco) e a desistência de Raquel Moreira da Silva estão ligados apenas a um facto: a uma guerra surda entre dois vereadores e potenciais sucessores de Celso Ferreira.

 

O mais bem preparado. Se na política houvesse um processo de sucessão, o sucessor natural na cadeira do poder seria o vereador Pedro Mendes: é o mais próximo do actual presidente, é provavelmente aquele que domina melhor os temas mais importantes para o Município, para além de ser aquele que demonstra melhor qualidade na intervenção política. Mas, apesar de tudo isso, terá de submeter-se a duas votações, primeiro dentro do partido e depois na eleições autárquicas. E a primeira será o seu maior obstáculo. Talvez fruto do seu temperamento, ao longo dos últimos dez anos Pedro Mendes foi criando anticorpos dentro do PSD que o impedem de chegar à liderança da Comissão Política. O partido só o apoiará se se convencer de que não existe alternativa.

 

O mais desejado. O vereador Manuel Fernando Rocha não é certamente o mais bem preparado, mas é o mais desejado por uma grande parte do partido. No entanto, deve assinalar-se uma certa falta de determinação para enfrentar o risco de perder e, principalmente, atitudes que definem politicamente um candidato: para tentar impedir a candidatura de Pedro Mendes, incentivou Raquel Moreira da Silva a entrar na corrida, ao mesmo tempo que – para tentar captar apoios à sua própria candidatura – se ia reunindo com outros militantes, com Granja da Fonseca e até com o socialista Elias Barros. Mesmo que para tudo isto tivesse sido necessário negar Celso Ferreira três vezes.

 

A chave. Até agora, o actual Presidente da Câmara Municipal tem-se mantido à margem desta contenda partidária. Mas é provável que a solução para tudo isto tenha que passar, mais uma vez, pela desenvoltura política de Celso Ferreira. Em resumo, pela posição que ocupa e pelo respeito que os militantes lhe têm, só ele terá a capacidade de estruturar o partido e encontrar um candidato que reúna um pouco mais de consenso.